Muitas das habilidades adquiridas pelos seres humanos começam a ser desenvolvidas ao raiar dos primeiros passos na vida. Talvez você não se lembre, mas, na sua infância, algum adulto o incentivou a equilibrar pilhas de tijolinhos, formando muros, casas, prédios, ou segurou a sua mão conduzindo-a nos primeiros rabiscos, que, mais tarde, vieram a resultar em formas e letras.
A sintonia fina desenvolvida durante esses pequenos jogos foram responsáveis por uma série de competências que podem ser utilizadas por vários profissionais. Competências como coordenação motora, visão espacial, equilíbrio, ritmo, atenção, memória, precisão e paciência são fundamentais em áreas como engenharia, arquitetura, automobilismo, medicina, aeronáutica e, por que não, jornalismo, publicidade e literatura?
É curioso notar que, uma vez desenvolvida uma ou mais competências que garantam sua aplicação mercadológica, algumas profissões não abandonam a ludicidade como forma constante de treino e aperfeiçoamento. Por exemplo, os pilotos de Fórmula 1, embora tenham começado sua carreira automobilística no kart, continuam utilizando-o como recurso técnico. Além disso, é comum o treino em simuladores, que mais lembram um atraente video game (Assista ao vídeo “Ludismo”, editado pelo LetrasEEARtes).
Também a escrita, como um subproduto da linguagem, nasce de um impulso lúdico; tanto é assim que muitas formas de registro escrito surgiram da relação direta da imagem com o sentido (ideogramas, hieróglifos e, mais recentemente na internet, os “emoticons”). Apesar disso, a escola parece ter se esquecido do potencial lúdico da escrita, e isso acaba resultando em emoções negativas com relação ao desenvolvimento dessa tecnologia milenar. É preciso resgatar o prazer de se escrever, por meio do ludismo, da ludicidade.
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Dessa reflexão nasceu a oficina “Do ludismo à escrita: novas(?) tecnologias na Educação”, apresentada no dia 28 de junho para uma turma de vinte e sete participantes, composta de militares e civis.
Numa tarde que pôde contar (com o perdão do trocadilho) com um céu de Brigadeiro, o recurso técnico do ludismo como suporte para a escrita foi apresentado pelos professores Marcelo e Daniella de maneira prática e bem-humorada. Um dos objetivos foi o de (re)descobrir o ludismo como recurso primordial para o prazer do aperfeiçoamento da escrita.
Profª Daniella |
Como uma amostra do resultado desse encontro, apresentamos aqui trechos de textos produzidos por dois tenentes da Aeronáutica:
Propusemos, como uma das atividades da oficina, que os participantes trabalhassem a descrição explorando o campo semântico.
Veja duas propostas desenvolvidas durante a oficina:
1) Um jovem soldado, recém-chegado ao campo de batalha, observava com assombro o desenrolar daquele combate sangrento.
Campo semântico a ser explorado: música
O 2º Ten QOCON Ped Leandro - ECEMAR/SDAV redigiu o seguinte texto:
Um jovem soldado, recém-chegado ao campo de batalha onde soava um ritmo de batucada, observava com assombro o desenrolar daquele combate sangrento. Assim o seu coração tão jovem batia rapidamente como o som de uma locomotiva que tentava abrir caminho para chegar a um lugar seguro. Contudo, a sinfonia que surgia dentro de sua agonia ao ver seu corpo vibrando como acordes entoantes o deixava sem som diante da música da morte que o envolvia nessa última canção.
2) Uma passista de escola de samba em pleno desfile de carnaval.
Campo semântico a ser explorado: zoologia (atente para o bom gosto)
A 1º Ten QCOA Ped Viviane César - CIAAR produziu o texto abaixo:
É carnaval! A passista dança alegremente como uma arara azul, mostrando ao público toda a graciosidade de uma borboleta e, ao mesmo tempo, pelas suas belas formas, exibe toda a exuberância de um pavão!
Parabéns aos tenentes e a todos que participaram desta oficina!
LetrasEEARtes: porque escrever pode ser tão gostoso quanto brincar!