Painel de cerâmica EEAR
1. PESSOA
Jamais viram coisa igual. Aqueles homens, cobertos da cabeça aos pés, pareciam de outro mundo.
Descreva o português colonizador à época de 1500 visto pelo índio brasileiro. Há duas possibilidades para o observador:
* em 1ª pessoa: a linguagem deve retratar a visão de mundo do índio através do emprego de termos e expressões que reflitam a sua realidade.
* em 3ª pessoa: a linguagem pode ser mais objetiva, com emprego de vocabulário específico.
Cores de outro mundo
Isabella Fonseca Pinheiro Gomes
Um barulho de pedra caindo na areia chamou a atenção de todos que na praia trabalhavam. Com tangas muito compridas e coloridas, eles desciam de uma enorme jangada fechada que tinha no topo panos brancos que inflavam com o vento.
Olhei eu assustado, soltando a folha de palmeira da minha mão, para um daqueles homens com várias tangas sobrepostas por todo o corpo e objetos que brilhavam com a luz. Chamou-me a atenção um objeto pontiagudo na cintura dele. Ele tinha cor pálida e cabelos que cresciam no rosto, desciam pelas orelhas e contornavam os lábios; os pelos, negros. Usava argolas nos dedos e nos pulsos. Argolas da cor do Sol. Usava um couro duro e negro nos pés e tinha odor forte de peixe de água salgada.
Assustado, assim como eu, em sua expressão facial misturavam-se imponência e medo. Seus gestos eram lentos como se esperasse que eu pudesse machucá-lo. Com uma das mãos, segurava firme o objeto pontiagudo em sua cintura, olhando-me com os olhos arregalados, e trazia a outra mão estendida para frente como se estivesse empurrando o vento. Com a voz firme e alta mas ofegante, inflando e esvaziando o peito debaixo dos panos compridos e afofados de cores fortes que eu jamais havia visto, suas palavras soavam estranhas aos meus ouvidos.
Na terra que lhes parecia desconhecida, permaneceram estáticos analisando os movimentos dos que ali habitavam e exibindo cores, odores e luzes de outro mundo.
Painel de cerâmica EEAR
As habitações, dispostas em círculos, revelavam muitos dos costumes de seus moradores.
Descreeva uma oca do ponto de vista do colonizador português à época de 1500, com o observador em 3ª pessoa.
Casa incomum
Jardel dos Santos Machado
Nunca se tinha visto instalação daquele jeito. Instalação frágil, porém resistente a todos os fenômenos naturais. Quando se aponta para ela, os nativos falam algo parecido com oca.
De fora, vê-se uma espécie de casebre composto por folhas e galhos de árvores. Tem o formato circular, ligeiramente oval. A porta também é composta por folhas e se move, não com dobradiças, mas desloca-se como se fosse uma peça de quebra-cabeça que se encaixa no espaço destinado. Por dentro, a impressão que se tem é a de que se trata de uma gruta, tamanha a escuridão que se projeta no ambiente, interrompida apenas pela luminosidade proveniente de uma única porta de acesso. O chão e as paredes são desprovidos de qualquer revestimento, o que garante a sensação de frescor e acentua o aroma natural daquela inusitada habitação.
Sua sustentação é feita por troncos, uns mais altos, outros mais baixos, onde são pendurados seus enfeites e utensílios, todos rústicos, embora revelem as habilidades manuais de seus artesãos. Suas camas são suspensas e presas nos mesmos troncos da sustentação. Não existem divisórias. Velhos, crianças e casais dormem juntos, com a mesma naturalidade e desprendimento com que se vestem. Existem pequenas fogueiras em brasa para se acenderem os cachimbos e se aquecer o interior do casebre.
Por mais incomum que seja, vê-se que essa habitação é caprichada, muito bem feita dentro das limitações desse povo, que, embora viva nu como os animais, possui a sabedoria de uma civilização que vive em perfeita harmonia com a natureza.
Painel de cerâmica EEAR
3. PAISAGEM
― Terra à vista!
Depois de tantos dias cercados por água, finalmente avistaram terra firme. Das caravelas não podiam imaginar quantas belezas guardava aquela paisagem.
Descreva o Brasil quando da chegada dos portugueses em 1500 do ponto de vista dos colonizadores.
Do mar ao atracar
Gustavo Rosa Dolfini
Do alto da caravela, ouviu-se um grito eufórico chamando a atenção de todos os tripulantes da nau, que pararam na mesma hora seus afazeres e prontificaram-se a admirar a bela paisagem que surgia à frente.
Após a neblina esvair-se, podiam-se ver os altos morros que surgiam com amontoados de árvores a perder de vista. As árvores eram das mais diversas cores, formas e tamanhos. Essa combinação fazia-se parecer com um arco-íris em terra. Por cima dos morros e árvores, pássaros de diversos tamanhos subiam e desciam em um balé aeronáutico.
Ao atracar, as sensações tomaram conta de todos que ali desceram. Um clima quente, abafado já fazia o suor escorrer pela pele. As aves agora se faziam ouvir com piados estridentes, e que mistura de cores possuíam essas aves! Algumas com tons únicos e predominantemente fortes e outras com uma aquarela de cores. O perfume de flores e frutos misturava-se com o cheiro de terra molhada e invadia os pulmões, trazendo um êxtase que levava o corpo a relaxar e entregar-se à natureza. Alguns frutos podiam ser saboreados, frutos dos mais diversos sabores, doces, amargos, saciavam a fome e o prazer.
Como um lugar tão lindo e exuberante pôde passar tanto tempo sem ser descoberto? De onde surgiam tantas formas e cores que não se encontravam em nenhum outro lugar do mundo? Aos olhos que ali estavam, sentia-se que a vida transbordava neste templo de Deus.
Terra incrível, maravilhosa!
Hudson Luís da Silva Gomes
Finalmente! Terra à vista! A aflição de olhar para qualquer que seja o lado e enxergar somente água, graças ao nosso todo poderoso Deus, chega ao fim perante essa maravilhosa terra que nos aguarda.
Ao aproximarmo-nos desse lindo oásis de riquezas naturais, já avistávamos grandes e belas árvores cercadas de vastas plantações. Uma visão totalmente diferente e um contraste com toda aquela imensidão azul que vimos durante todos esses longos e árduos dias. Pássaros sobrevoavam o local e cantavam harmoniosamente. O clima desse local não era como o clima ao qual estávamos acostumados. O sol brilhava de uma maneira intensa, jamais vista antes por nós, habituados ao forte e incessante frio, que, mesmo com o sol presente, prevalecia.
De perto, a terra era ainda mais bela! Observávamos esse paraíso estonteantemente verde com brilho no olhar. A brisa fresca trazia-nos um aroma puro. O verdadeiro cheiro de natureza! Pequenos animais, assustados com a nossa presença, fugiam desesperadamente. Ostentávamos uma paz de espírito imensa no meio de todas essas belezas e, ao mesmo tempo, a euforia de sermos os pioneiros a desbravá-las.
Tudo nessa terra nos passava alegria e tranquilidade. Do clima às belezas a serem exploradas, era tudo como um sonho.
Segredos tropicais
Kamila Motta Vaz
Por longos e tediosos dias ao mar, tudo o que aqueles destemidos navegantes encontravam era nada mais do que o escuro e azul lençol de águas profundas. Perdiam-se no vagar das horas olhando para o horizonte, esperançosos de encontrar as tão comentadas novas terras, cheias de riquezas para explorar. Queriam provar que não se tratava de uma lenda; elas realmente existiam. De repente, viram uma ave branca e serena deslizando pelos ares; isso era um excelente sinal. Depois de tantos dias cercados por água, finalmente avistaram terra firme. Das caravelas não podiam imaginar quantas belezas guardava aquela paisagem.
O intenso azul celeste contrastava com o marrom escuro presente nas montanhas vistas de longe. A branca espuma das ondas manchava a areia seca e amarelada, deixando seu rastro molhado. Uma arara, com seu azul e vermelho vibrantes, com sua cauda longa e delicada, que dava mais vida a seus movimentos, alçava voo, elegante. A mata fechada limitava a visão dos navegantes. Todo o verde predominante na cena confundia os portugueses, que não identificavam onde terminava uma árvore e começava outra. Uma imagem os deixou surpresos, intrigados. Na praia, alguns homens de estatura baixa e músculos bem desenvolvidos, observavam-nos com apreensão e curiosidade. Eles tinham cabelos negros e lisos, além de pintura por todo o corpo, que podiam ser claramente vistas na superfície de suas peles nuas, enquanto a nau se aproximava mais da praia. Uma espécie de tecido feito de folhas e palhas trançadas lhes cobria apenas as partes íntimas.
Já com os pés pisando a areia da praia, a tripulação de Cabral admirava toda a beleza à sua volta. Entre dois coqueiros próximos a eles, olhavam intrigados para um objeto feito de algo que parecia corda entrelaçada, cujas extremidades se prendiam aos troncos. Quatro grandes cabanas, compostas por pedaços de galhos e inúmeras camadas de folhas, serviam de abrigo contra as constantes tempestades tropicais. Cinzas ainda quentes e restos de uma fogueira tomavam lugar ao centro, entre o círculo de barracas. A agitação das copas das árvores era constante, em virtude do vento frio e sibilante. O barulho de gravetos sendo pisoteados se misturava aos gritos de pequenos macacos e papagaios que anunciavam a chegada dos inusitados visitantes. Os índios, nativos da terra descoberta, estavam por todo o lugar. Pensando que os lusitanos fossem deuses, eles os guiavam por suas terras e mostravam seus costumes, tradições e riquezas.
Os tripulantes retornaram à praia, começaram a descarregar os navios e a montar tendas para terem seu merecido descanso, finalmente em terra firme. Aguardavam ansiosos o clarear do dia para continuarem sua jornada, naquele instante com uma nova missão: catequizar os índios e os submeter aos costumes europeus. Mesmo que houvesse resistência, os portugueses tinham meios de fazer com que aprendessem. Os ditos homens civilizados não iriam perder a oportunidade de conhecer melhor os segredos daquele paraíso tropical, sabendo que existia a possibilidade de aquela nova terra lhes oferecer muitas riquezas naturais.