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Como deixar seu texto mais arejado
Marcelo Ferreira de Menezes
Há muitos aspectos que devem ser observados quando o que se busca é
o sucesso da redação de um texto dissertativo. A seleção dos
argumentos sólidos, baseados em fatos; a objetividade e a clareza da
exposição, que deve buscar ser concisa; a seleção do vocabulário,
que deve ser simples mas, ao mesmo tempo, elegante, são atributos
que valorizam a dissertação. Além disso, o resultado deve ser
fluente, agradável de ser lido, sem trechos truncados, cheios de
inversões caprichosas e longos demais. A leitura não deve exaurir o
fôlego leitor, ainda que seja um "fôlego" mental.
Pensando nisso, você deve ter em mente que parágrafos com períodos
extensos demais, intermináveis, causam desconforto para quem está
lendo. Muitas vezes, deparamo-nos com alguns períodos tão longos,
que a releitura se torna uma necessidade para a depreensão do
sentido ali contido. O recomendável é que seu período não
ultrapasse o número de três linhas. Veja o exemplo que se segue:
Num país cuja classe política se preocupa muito pouco com o dia
a dia da população, que não se esquiva de compactuar com os casos
de corrupção e de mal uso da verba pública, que não se envergonha
de ocupar a posição de destaque nas notícias veiculadas pelos
principais meios de comunicação, pois, a cada dia que passa os
jornais denunciam um novo escândalo, como o julgamento do
"mensalão", que todos sabem que não vai dar em nada, mas
que ocupa a pauta dos principais noticiários do dia. O povo deve
despertar para o fato de que é ele quem decide os rumos de sua
cidade, de seu estado, de seu país.
Repare que o parágrafo possui apenas dois períodos, e o primeiro
apresenta alguns probleminhas. Iniciando-se por uma inversão de
adjunto adverbial Num país, o redator partiu para uma
enumeração de orações subordinadas adjetivas restritivas e não
parou mais, esquecendo-se inclusive da oração principal, onde
figuraria o sujeito e seu respectivo verbo, como em Num país cuja
classe política se preocupa muito pouco com o dia a dia da
população, é difícil convencer alguém de que a
participação política é algo importante. Relendo o
trecho original, fica claro que algo está faltando. Vamos então
reescrever o parágrafo, desmembrando em mais períodos algumas das
ideias ali presentes.
Num país cuja classe política se preocupa muito pouco com o dia
a dia da população, é
difícil convencer alguém de que a participação política é algo
importante. Os escândalos de corrupção e mal uso da verba pública
se vão acumulando, e a certeza da impunidade parece conferir aos
envolvidos uma invulnerabilidade que lhes impede até mesmo a
vergonha. Tudo isso impressiona o cidadão, levando-o à descrença
nas instituições, à falta de esperança nas mudanças e ao
afastamento do necessário exercício político. Mas o povo deve
despertar para o fato de que é ele quem decide os rumos de sua
cidade, de seu estado, de seu país e, consequentemente, de seu
próprio destino como brasileiro. Por isso é tão importante fazer
da política um exercício consciente e diário.
Perceba que nenhum período ultrapassou a extensão de três linhas,
o que tornou a leitura mais fluente e a exposição das ideias mais
precisa. Procure trabalhar com esse padrão em seus próximos textos,
certo? E tenha em mente que tudo é uma simples questão de treino.
Treine sempre e sem perder o fôlego!