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Um
tema bastante polêmico e encarado ainda
como um tabu pela sociedade pós-moderna, o incesto suscita
questionamentos bastante contundentes, dividindo as opiniões.
Leia e confira como os dois textos dissertativos a seguir, redigidos
de acordo com o esquema de prós e contras, analisam, com
argumentos lúcidos e consistentes, essa controversa questão.
Tema
dissertativo: A
sociedade deveria considerar natural o relacionamento incestuoso
entre parentes que não foram criados juntos?
Incesto:
normal ou anormal?
Danyllo Ferreira Quaresma Pêgas
Tema
considerado polêmico, o incesto sempre foi um tabu em nossa
sociedade. Entre vários casos, há aqueles em que o
relacionamento afetivo envolve o consentimento das duas partes. São
casais que não cresceram juntos e por isso não
desenvolveram o sentimento relativo ao grau de parentesco sanguíneo
que eles têm. Muitas pessoas condenam esse tipo de
relacionamento incestuoso, mas há uma parte da sociedade que
não vê problema nesses casos. A questão é se sociedade deve considerar naturais tais
relacionamentos.
A
maioria da população afirma que não se deve encarar
tal fato como normal, pois, segundo dizem, o incesto, em todas as
suas formas, não condiz com a cultura e com as religiões
que a sociedade atual adota. Alegam também que se deve pensar
no futuro da população, pois filhos de casais
consanguíneos têm maior predisposição a
desenvolver doenças genéticas, comprometendo, assim, a
saúde de todos os indivíduos de modo geral. Argumentam
ainda que, do ponto de vista comportamental, o incesto fere a
moralidade da sociedade, pois acreditam que tal relacionamento é
naturalmente imoral.
Contudo,
uma boa parcela da nossa sociedade afirma que o ser humano tem o
direito de livre escolha. Se a atitude do casal incestuoso não
ferir as normas de seu país, o par pode, sim, ser feliz como
um casal. Dizem ainda que o amor não diferencia cor, sexo,
pessoas e, nesses casos, o parentesco. Quando o amor envolve um
casal, segundo esse grupo, este tem o direito de ficar junto, mesmo que tal atitude não
agrade a outras pessoas. Afirmam ainda que, justamente por não
terem sido criados juntos, quando se conheceram, o sentimento que
surgiu foi exatamente o mesmo que surge quando um casal não
consanguíneo se conhece e se apaixona, devendo, então,
ser tratado como um casal normal.
Nos
dias de hoje, mesmo com todo esse tabu estabelecido em torno desse
assunto, é coerente afirmar que casais que praticam o incesto
consentido, quando não criados juntos, devem ter o direito de
manter seus relacionamentos afetivos. A grande peregrinação
do homem objetiva encontrar o amor e a felicidade verdadeiros, e
esses casais, mesmo de uma maneira não convencional,
alcançaram esse objetivo. Se, nesses casos, não há
a criação conjunta, tais casais devem ser equiparados
aos demais casais, e seus relacionamentos devem ser considerados
naturais.
Incesto:
conceito social
Danusio Gadelha Guimarães Filho
A
atração entre parentes, consanguíneos ou não,
é um tabu milenar que, como qualquer relacionamento afetivo,
passa pelo crivo da moral e da ética. O conceito de parentesco
está mais ligado a uma condição psicológica
que a uma simples questão de genética: pais adotivos
não são considerados “menos família”, por
exemplo. Quando não há a criação
conjunta, essa noção torna-se mais difusa, abrindo
espaço para a concepção de uma relação
incestuosa.
Os
que não compactuam com o incesto, sob nenhum aspecto, buscam
na religião, mormente na Bíblia Sagrada, razões
para discordar do ato: o Antigo Testamento comina punições
severas a seus praticantes. Reforçam também que uma
relação incestuosa destruiria a estrutura familiar,
posto que nossa sociedade tenha sido moldada com padrões não
condizentes com essa relação. Alegam, além
disso, o fato de que combinar as cargas genéticas de parentes
consanguíneos favorece a transmissão de genes
recessivos, alguns dos quais relacionados a doenças.
Por
outro lado, os que entendem que os vínculos familiares são
formados e mantidos pela convivência argumentam que, se duas
pessoas são criadas separadamente, não existe o
reconhecimento mútuo de parentesco e, portanto, não há
a violação moral trazida pelo incesto. Afirmam ainda
que a rejeição da sociedade à relação
incestuosa é uma herança cultural, podendo
perfeitamente se tornar aceitável em gerações
futuras, desde que o processo de aceitação fosse
iniciado nos dias de hoje. Por fim, salientam que proibir uma relação
afetiva baseada em genética é equivalente a proibi-la
porque o casal é portador de diabetes ou Síndrome de
Down, já que estas são transmitidas hereditariamente, o
que culmina em discriminação.
Pelo
exposto, é sensato aceitar a relação entre
parentes que foram criados em lares separados, visto que as possíveis
restrições morais perdem sentido, pois a noção
de família é consubstanciada na convivência. Não
parece justo privar duas pessoas da felicidade baseado em conceitos
arcaicos e de fundamentação questionável,
forjados por tradições e dogmas. Até porque, se
os envolvidos não veem entre si laços de sangue que lhes impeçam o amor, ninguém é
apto para afirmar que estes existem de fato.
Leia
mais à frente o texto União
Perigosa,
que faz uma abordagem diferente a respeito do assunto incesto.