As redações selecionadas para esta postagem foram produzidas antes que os alunos tivessem conhecimento da Teoria da Descrição e do Esquema Básico de Descrição. Feitos a partir da atividade apresentada abaixo, os textos revelam sensibilidade e, ao mesmo tempo, olhar seletivo e perspicaz. Aprecie os variados estilos de se perceber o mundo e descubra novas sensações! Boa leitura!
Observe a paisagem abaixo.
Imagine-se
nessa paisagem. Tente reproduzi-la em palavras de forma que o seu
texto forme esse retrato. Para isso, explore as sensações (visuais,
auditivas, olfativas, táteis e gustativas) que essa imagem desperta
em você. Se possível, utilize conotação. Use sua criatividade!
O
seu texto deverá conter quatro parágrafos (com um mínimo de 20
linhas e um máximo de quarenta) e um título.
O
reflexo do gigante
Rian Macedo Santos
Próximo às margens de
um lago de águas escuras, a pequena vegetação rasteira, colorida
por delicados brotos alaranjados, admira a imponência dos grandes
pinheiros que envolvem o espelho d'água.
O clima e a beleza da
tundra quebram o gelo da enorme cadeia disposta distante. Nem o verde
nem o sol radiante são o suficiente para colorir os montes.
Grisalhos pelo tempo e pela altitude, são como uma foto em preto e
branco colocada em um álbum em cores.
O suave aclive gramado
parece se estender até o alcance das colinas, enquanto galhos secos
e pequenos arbustos atrapalham seu percurso. Nada pode se movimentar
sem o consenso da brisa, que torna a suave lâmina do lago uma
vidraça canelada.
O reflexo no lago faz
lembrar os vitrais das catedrais antigas. A imagem da montanha
submersa de ponta-cabeça provoca a curiosa sensação de
desorientação espacial, fazendo o lago parecer a porta de entrada
para uma paisagem inspiradora.
Paisagem
exuberante
Priscila de Oliveira
Rossetto
No despertar de uma
manhã de primavera, levantam-se com ela um suave aroma campestre, a
paz e a graciosidade para preencher as lacunas de uma sublime
paisagem. A harmonia é então estabelecida e ela passa a reinar de
um nascer do sol a outro.
O céu sem nuvens
anuncia o esplendor do dia. Aves altaneiras cruzam ligeiras a abóboda
celeste, quase sem serem notadas. No horizonte, majestosas montanhas
cobertas de neve brotam do solo e, de tão altas, parecem tocar a
imensidão azul. A brisa fria e suave que desce suas corredeiras
congeladas toma conta de todo o vale. Os cumes, expostos ao vento,
exibem lindos desenhos ondulados sob a neve. O pouco verde lá
existente se esforça para resistir à temperatura na montanha,
permanecendo firme e unido.
Uma densa floresta de
pinheiros abraça a montanha, assim como a grama faz a uma árvore.
Em meio a tantos galhos e folhas pontiagudas, abre-se uma clareira,
preenchida por um límpido lago transparente, que reflete o azul do
céu. Às suas margens, uma vegetação verde e sedenta envolve com
carinho toda essa água que derreteu da montanha. As flores,
radiantes e contentes, parecem cantar e dançar com a presença dos
finos e delicados raios de sol, que pousam sobre a região. O ar frio
deixa a paisagem em silêncio, mas, ainda assim, algumas aves tímidas
se arriscam a soltar seus cantos atraentes.
Ao som distante dos
pássaros e sob um belo céu azul, a paisagem convida para um
passeio. Convida a passar por entre as árvores, a tocar a superfície
do lago com a ponta dos dedos e a sentir o vento frio e a neve para
conhecer melhor esse lugar tão rico e apreciar suas belezas sem par.
Sob essas sensações, sente-se a paz e pode-se perceber a vida a
correr em cada caule, no pulsar de cada coração, no nascer de cada
flor.
A
natureza mágica
Raphaela Siqueira de
Almeida
Em um dia de folga,
resolvi fazer um passeio para apreciar a natureza. O local escolhido
foi um parque natural com uma paisagem exuberante e imponente,
diferente de tudo que eu já tinha visto. A sensação que aquele
lugar transmitia era a de que eu passaria um ótimo dia ali.
Às margens do lago
estavam montanhas confeitadas de açúcar, que o tempo frio ajudara a
formar. Ao redor pairavam grandes águias que saboreavam o doce gosto
da liberdade e viam do alto o palco da criação divina cujos atores
vislumbram-se ao se apresentarem. O fundo do cenário era completado
por um céu empipocado de nuvens que mais pareciam bolinhas de
algodão passando ao ritmo do vento.
O belo lago ao centro
refletia, sob a fraca luz do sol, a silhueta das árvores e
montanhas, que refrescavam o local, e servia de passatempo aos
audazes pescadores. O vento de inverno parecia cortar e enrijecer a
pele e emitia um assobio que irrompia de todos os lados. Trazia
também o perfume suave das flores e da vegetação ao redor. As
árvores em suas diversas formas eram como convidados em um baile,
dançando ao som do vento vestidas elegantemente de acordo com a
estação. O farfalhar de seus galhos e folhas e o cantar dos
pássaros compunham uma grande orquestra cujo concerto não tem dia
nem hora para terminar.
No fim da tarde, o sol
dá adeus, lentamente, àquele lugar, cedendo sua vez ao mar de
estrelas. E, merecidamente, as almas vão se recolhendo, aos poucos,
para o seu repouso.
A
grande agulha gelada
Raphael de Oliveira
Leal
O som voraz do condor é
trilha sonora de onde a agulha gelada fura os céus. A floresta nasce
aos pés do monte e as árvores seguem a direção do cume e são
refletidas no lago de águas gélidas, onde nadam trutas e outros
peixes de sangue gelado. Ali as flores são uma mistura de frio e
cores.
A montanha brota da
grama verde orvalhada, fazendo-se de morada para condores. No inverno
ela some embaixo de neve e nuvens. Na primavera, seu gelo derrete,
fazendo-a chorar rios, os quais irrigam flores. Seu tapete verde só
aparece na estação em que as abelhas voam e se alimentam. Tal
imponência é do seu cinza prateado e do seu branco perolado, como
uma agulha banhada em mármore.
A relva é macia.
Árvores saem do chão com cascas grossas e firmes. O vento que sopra
nas copas das árvores convida o canto dos pássaros para, juntos,
fazerem uma orquestra que nem Bach nem mesmo Chopin conseguiriam
compor. O espelho d'água na superfície do lago reflete o grande céu
azul e a gigantesca agulha prateada.
O
cheiro desse paraíso é engrandecido pelas cores das flores; o
gosto, enriquecido pelo aroma da relva. A paz é proporcional à
euforia de se deitar em sua grama. Uma força gigante e serena
sublima uma felicidade pueril devido às sensações ali despertadas.
Quando essa grande agulha perfura o coração de quem a vê,
produz-se uma sinestesia sem igual.
Calmaria
Rodrigo de Souza
Um
local calmo. Não em total silêncio, mas com pouco barulho. Uma
árvore cai próxima a um lago, sem tocá-lo. Alguns pássaros se
agitam, porém, sem muita bagunça, mudam de casa.
Distante,
contudo ao alcance da visão, lindas montanhas rochosas contemplam a
densa floresta que rodeia o lago. Vontade de chegar ao lago talvez
tenham. Mesmo assim continuam firmes e imóveis, como soldados em
forma. A neve fofa que as cobre é um pouco mais atrevida e corre
para o sopé da montanha, tentando alcançar o lago. O declive
termina e são impedidas de terminar seu plano.
Um
vento suave e frio agita as folhas das árvores. Outra árvore cai,
já cansada pelos anos, fazendo um enorme barulho e trazendo alguma
agitação para essa calmaria. Agora uma grande revoada de pássaros
coloridos faz uma bela festa no céu.
Enquanto muitos tentam alcançá-lo, o lago, lá de baixo, assiste a
tudo. Sua face de um azul profundo é apenas tocada por um pequeno
pássaro que, sem parecer se importar, toma banho à beira do lago
enquanto sente o doce perfume das rosas a sua volta.
Banquete
de sensações ao pé da montanha
Ramon Pedro dos Santos Denoá
Após
sucessivas postergações aos convites feitos por meu primo para
passarmos um fim de semana em família na sua casa de inverno,
finalmente subjugado pelo estresse caótico de uma rotina intensa,
resolvi aventurar-me por este local que seria uma fonte ampla de
alívio.
Logo
pela manhã, os primeiros raios de sol, tênues e tímidos, tocam a
pele gélida na tentativa efêmera de aquecê-la ao passo que o
modesto vento juvenil balança levemente a copa dos altos eucaliptos,
trazendo em si todo o frescor de uma vegetação pacífica e
acolhedora.
A
paisagem da velha montanha gelada e imponente destaca-se no verde
vibrante da floresta e, juntas, parecem dançar ao som de uma
arrebatadora sinfonia regida com maestria pelos pequenos pássaros
ali presentes. Ao mesmo tempo, um extenso espelho enigmático
reproduz com exatidão os passos dessa sublime valsa.
Todo
esse clima de paz e tranquilidade, dificilmente encontrado
hodiernamente nos grandes centros urbanos, invade nossas narinas e
nos submete aos recônditos de nossa consciência, ao passo que a
relva cerrada nos abraça e sela a pureza desse raro momento de
prazer.
Paraíso
inexplorado
Rafael Moreira Pinheiro
Escondidos
no meio da floresta, afastados de toda a escuridão das grandes
cidades, vivem grandes soldados em um lugar cheio de luz e esperança.
Uma
brisa suave sopra a montanha, carregando um ar frio e doce que sai de
sua manta branca e aveludada. A montanha, imponente, observa com
paciência sua tropa verde na posição de sentido. A montanha é
adorada por todos, e todos estão voltados para ela.
Querendo
ser como a montanha, o lago copia, com seus grandes quadros serenos,
tudo o que vê. Numa grande demonstração de afeto, reflete, em suas
pinturas, a imensidão de seus companheiros. Levando o céu à terra
e a montanha ao chão, mostra toda a sua habilidade com pinturas
invertidas.
Abrigados
entre os soldados, lá se encontram todos os animais desse refúgio
iluminado. Seus sons, barulhos e ruídos mais parecem uma sinfonia,
que alegra todo o lugar. Limpando o solo e levando alimento às
árvores, os animais fazem mais do que música: mantêm vivo o
paraíso.