Criacionismo X Evolucionismo

Ruy Carlos de Camargo Vieira

Engenheiro Mecânico e Eletricista, formado em 1953 pela Escola Politécnica da USP.
Auxiliar de Ensino e Professor Assistente no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (1954-1956).
Professor Emérito da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo.
Membro Fundador da Academia de Ciências do Estado de São Paulo.
Fundador e Presidente da Sociedade Criacionista Brasileira desde 1972
Membro do Conselho Federal de Educação, de 1974 a 1980.
Diretor Científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo em duas gestões, de 1979 a 1985.
Presidente da Associação Brasileira de Ensino de Engenharia em três gestões. Membro da Academia Nacional de Engenharia desde 1994. Representante do MEC no Conselho Superior da Agência Espacial Brasileira, no período de 1997 a 2003. Membro da Academia Panamericana de Engenharia desde 2006.



O Evolucionismo e o Criacionismo à luz do Método Científico
Ruy Carlos de Camargo Vieira,
Presidente da Sociedade Criacionista Brasileira 


        Um modelo (uma teoria, ou deduções tiradas do modelo ou teoria) deve ser submetido a prova, para sua convalidação. Pode decorrer bastante tempo entre a formulação de um modelo ou teoria e a sua rejeição por não poder explicar novos fatos descobertos, ou por ter feito predições que não foram comprovadas. Assim, teorias que hoje são aceitas como “científicas”, amanhã poderão ser descartadas pela própria comunidade científica, por não resistirem à prova de suas hipóteses. É este, aliás, o mecanismo de “evolução” da própria Ciência, como alguns filósofos da Ciência têm destacado em suas obras.

    Poderia, a propósito, ser citado Thomas Kuhn, que, em seu livro “A Estrutura das Revoluções Científicas”, destaca a história da mudança dos “paradigmas” científicos, como, por exemplo, as Teorias do Flogístico, do Calórico, do Éter, e outras, no campo da Física e da Química.

      Considerando os vários campos do conhecimento humano, e tentando delimitá-los, pode-se inicialmente verificar que existe um “Campo de Modelos, Teorias e Deduções”, que engloba a observação do objeto em estudo, seja diretamente, seja indiretamente mediante instrumentação, e que pode ser extrapolado para além dos seus limites. Dentro dos seus limites, evidentemente os modelos, teorias e deduções terão maior possibilidade de sucesso para descrever a realidade, pois estarão baseados em evidências palpáveis. Fora dos limites, entretanto, acaba sendo pequena a possibilidade de sucesso, pois se acaba ficando na dependência de técnicas de raciocínio que deverão substituir as evidências inexistentes. Substituir a observação pelo raciocínio, pura e simplesmente, poderá acarretar um considerável distanciamento da realidade!

      Feitas essas observações, pode-se passar à consideração do Evolucionismo e do Criacionismo perante o Método Científico. Fica claro, então, que o Criacionismo não tem, e nem alega ter, embasamento no Método Científico, pois não tem como ser submetido à prova de hipótese exigida pelo Método. Ele se baseia, na realidade, em conceitos básicos que são aceitos como verdadeiros pela fé em uma revelação. No caso do Criacionismo Bíblico, é aceita a revelação dada através dos relatos de várias naturezas que se encontram expressos direta ou indiretamente na Bíblia.

     Por outro lado, muito embora o Evolucionismo alegue ter embasamento científico, também não tem como ser submetido à prova de hipótese, pois ele se baseia em conceitos que são admitidos como verdadeiros tão somente por um ato de fé e que não têm como ser demonstrados, por constituírem um modelo teórico que faz suposições impossíveis de serem comprovadas.

  Como exemplo de hipóteses incomprováveis, tanto no âmbito do Criacionismo como no do Evolucionismo, podem-se mencionar as que se referem à origem da vida, ou à transformação das espécies do nível de Ordem para o nível de Família na Taxonomia Biológica aceita modernamente.

    Desta forma, doutrinas como o Evolucionismo, tal qual ele é apresentado na maior parte das vezes, e também o Criacionismo, não podem ser adjetivadas como “científicas”, por localizarem-se no “Campo das Conjecturas”, extrapolando de longe o “Campo de Modelos, Teorias e Deduções”, pela absoluta falta de evidências palpáveis que possam ser submetidas ao escrutínio do Método Científico. De fato, os acontecimentos aos quais ambas as doutrinas se referem situam-se numa faixa de tempo inacessível a qualquer técnica de observação experimental, ou de procedimento racional, dentro das exigências do Método Científico.

   Ambas as “doutrinas” constituem, na realidade, “estruturas conceituais” no sentido introduzido pelo filósofo da ciência Karl Popper, ou seja, posições filosóficas assumidas a priori, para a aplicação do Método Científico com vistas à compreensão dos objetos que nos circundam.

     A partir das considerações apresentadas, conclui-se que, na realidade, Evolucionismo e Criacionismo não constituem “Ciência”, mas efetivamente duas maneiras distintas e extremas (“Cosmovisões” ou “Estruturas conceituais”) de aceitar uma explicação para a origem da vida, das categorias biológicas, da nossa própria existência como seres racionais, da existência de nosso Planeta e do nosso Sistema Solar, das galáxias e a própria existência do Universo e de um Criador. A pretendida explicação transcende as potencialidades da Ciência e do Método Científico, podendo ser aceita somente por um ato de fé – seja fé criacionista, seja fé evolucionista!

    Contrariando a crença estabelecida aceita pela maioria (silenciosa?) dos que desenvolvem atividades científicas, decididamente o Evolucionismo não preenche os requisitos para ser considerado como Ciência. Ele é, filosoficamente, apenas uma estrutura conceitual!

Brasília, 21 de novembro de 2012. 

Do mesmo autor leia também Compreensão da controvérsia entre o Criacionismo e o Evolucionismo.

Para entender mais sobre essa polêmica, clique em
*  Criacionismo X Evolucionismo.
* Evolucionistas versus criacionistas - Guia do Estudante, Abril Cultural