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"Miniconto,
ou microconto,
ou nanoconto,
é uma espécie de conto muito pequeno, produção
esta que tem sido associada ao minimalismo. Embora a teoria literária
ainda não reconheça o miniconto como um gênero
literário à parte, fica evidente que as características
do que chamamos de miniconto são diferentes das de um 'conto
pequeno'. No miniconto, muito mais importante que mostrar é
sugerir, deixando ao leitor a tarefa de 'preencher' as elipses
narrativas e entender a história por trás da história
escrita.
O guatemalteco
Augusto Monterroso é apontado como autor do mais famoso
miniconto, escrito com apenas trinta e sete letras:
- Quando acordou o dinossauro ainda estava lá.
Assim
como Monterroso, o norte-americano Ernest Hemingway é autor de
outro famoso miniconto, com apenas vinte e sete letras, mas que
encerram toda uma história de tragédia familiar:
- Vendem-se: sapatos de bebê, sem uso."
- (http://pt.wikipedia.org/wiki/Miniconto)
Redija
um texto narrativo em que o trecho abaixo (o miniconto de Augusto Monterroso, adaptado para a proposta) se encaixe de forma
coerente:
Quando
acordei, o dinossauro ainda estava lá.
Obs.: O termo
dinossauro pode ser interpretado denotativa ou
conotativamente.
Sem medo do escuro
Yan Menezes Carneiro
da Silva
A noite sempre me
assustava. Acordava por diversas vezes e com medo. Um dia meu avô
veio até mim e me deu um pequeno presente.
—
Aqui, vô
— disse-me carinhosamente meu avô — trouxe um presente pra você.
—
Mas o que é isso, vô?
—
Esse é o mais feroz dos
dinossauros, o maior dos maiores, o mais corajoso. Vai te proteger à
noite contra o bicho-papão.
—
Verdade, vô?
—
Verdade, netinho. Só não deixe de procurá-lo quando acordar. Ele
sai à noite enquanto você dorme pra espantar o bicho pra bem longe.
—
Brigado, vô! — disse eu, dando-lhe um abraço bem apertado.
Toda
noite eu colocava o pequeno dinossauro em cima da estante ao lado da
minha cama, e sempre que eu acordava, o dinossauro já não estava
mais lá.
—
Cadê o dinossauro, pai?
—
Não viu? O dinossauro e seu avô lutaram a noite toda contra o
monstro que tentou entrar no seu quarto.
Corri
pela casa atrás de meu dinossauro e o achei na cozinha. Cada dia era
uma nova história, e o dinossauro sempre aparecia em um lugar
diferente. Eu já dormia sem medo, pois sabia que havia alguém a me
proteger.
Certo
dia quando acordei, o dinossauro ainda estava lá, parado no mesmo
lugar em que havia deixado. Pensei se não havia sido atacado por
monstros na madrugada, se meu avô teria lutado sozinho. Levantei da
cama e corri atrás do meu avô. “Pai, cadê o vô? Mãe, cadê o
vô?” Ninguém respondia. Corri até a praça em que ele sempre
ficava com seus velhos amigos e nada de meu avô. Rondei a casa
novamente e não consegui encontrá-lo. De repente meu pai entrou
pela porta.
—
Pai, cadê o vô?
—
O vô tá bem, filho, vai voltar logo. Ele pediu que entregasse isso
a você.
O
pai me deu um bilhete de meu avô, que dizia: “Netinho, eu e o
dinossauro já não podemos mais lutar. Agora é a sua vez.” O
bilhete manuscrito tinha a letra tremida e borrada de água. Fiquei
pensando onde estaria o meu avô.
No
mesmo dia, meu avô chegou em casa. Já não se lembrava de mim nem
do dinossauro. Rapidamente percebi que agora era minha vez. Eu que
iria tomar conta do meu avô. Já não tinha mais medo do escuro. Eu
que iria protegê-lo à noite e lhe contar histórias pela manhã.