Jornalista, tradutor e professor, Joaquim Maria Guimarães Botelho é
paulista. Foi chefe de reportagem da Revista Manchete, no Rio de
Janeiro, chefe de redação da TV Globo (atual TV Vanguarda) em São José
dos Campos e diretor de jornalismo regional da TV Bandeirantes no Vale
do Paraíba. Também foi diretor de redação do jornal Vale Paraibano, em
São José dos Campos. No âmbito empresarial, foi gerente de produção da
Global Editora, assessor de imprensa da Embraer e do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais. Coordenou a área de Comunicação da Secretaria
Estadual de Educação de São Paulo. Lecionou na Universidade de Taubaté e
na Universidade Bandeirantes.
Tem especialização em Jornalismo Internacional pela University of
Wisconsin (Madison, EUA) e é mestre em Literatura e Crítica Literária
pela PUC/SP. É Presidente da União Brasileira de Escritores.
Algumas obras: Buda e Jesus, Diálogos (tradução do inglês), 1995; Vale do Paraíba, Política e Sociedade, 1998; A vida não pode ser só isso, 1999; Gerenciamento da carreira do executivo brasileiro, 2002; Imprensa, poder e crítica, 2005; Adeus, petróleo (tradução do espanhol), 2010; Redação Empresarial sem mistérios, 2010.
Ruth Guimarães e a Máquina Olympia
Joaquim Maria Botelho
Com os originais datilografados de uma extensa pesquisa sobre o demônio
na literatura oral, uma moça de 27 anos bateu à porta de uma das
residências mais conhecidas de São Paulo: a Lopes Chaves, 546.
Atendeu-a, com a serenidade de sempre, o dono da casa. Seguiram-se
outras visitas, outros debates, que resultaram na publicação, em 1950,
do livro 'Filhos do Medo'. Mário de Andrade foi, de certa maneira,
preceptor de Ruth Guimarães, no mister da pesquisa folclórica. Não deve
ter sido tarefa difícil para o autor de Macunaíma, porque a jovem escritora já estava na estrada literária com 'Água Funda', um romance aplaudido pela crítica da época leia-se Antonio Candido, Nelson Werneck Sodré, Fernando Góes. Tinha lançado o romance num evento conjunto, em São Paulo, dois anos antes, ao lado dos amigos Guimarães Rosa e Lygia Fagundes Telles.
Desde aquelas tardes na Rua Lopes Chaves, Ruth Guimarães segue martelando a mesma velha máquina Olympia,
comprada a prestação. Publicou outros 47 livros, entre contos,
pesquisas folclóricas, filologia e traduções do latim, do italiano e do
francês. Escreveu crônicas para o jornal Folha de S. Paulo durante vários anos, alternando espaço com Carlos Heitor Cony e Cecília Meirelles.
Como jornalista militante, fez reportagens para a extinta Revista do
Globo e também para a Revista Quatro Rodas. Entrevistou personagens como
Érico Veríssimo, lá mesmo, em Porto Alegre, no varandão gaúcho. Foi autora da primeira crítica publicada a respeito de um jovem e iniciante poeta, chamado Paulo Bomfim, hoje decano da Academia Paulista de Letras. Pois será Paulo Bomfim o escritor que fará o discurso de saudação a Ruth Guimarães, na cerimônia de posse dessa guerreira de 88 anos, na Academia Paulista de Letras, em agosto. A eleição, realizada no dia 5 de junho,
teve ares de consagração Ruth recebeu 30 votos de 36 válidos.
Ela segue à
risca a orientação que recebeu de Amadeu de Queiroz, ainda mocinha:
"Escreva todos os dias de sua vida. Seja o que for. Exercite a sua
escritura." Eu, desde menino, testemunho a obediência de Ruth Guimarães,
minha mãe, a esse décimo primeiro mandamento. Ela mantém uma coluna
semanal de crônicas no Valeparaibano e prepara os seis livros restantes de uma coleção de nove livros infantis, em que reconta histórias de animais do fabulário paulista (lançou 'Histórias de Onça', em fevereiro, lança 'Histórias de Jabuti', no dia 16 de junho, no prédio da antiga Escola Caetano de Campos, na Praça da República, e já mandou 'Histórias de Macaco' para a gráfica. Faz
conferências sobre folclore e literatura em todo o Estado de São Paulo.
E ainda trabalha, diariamente, como chefe do Departamento de Cultura da
Prefeitura de Cruzeiro.
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