VOCÊ CONHECE O EDUCAFRO?
COORDENADOR
DO EDUCAFRO DE GUARATINGUETÁ-SP DÁ DEPOIMENTOS REVELADORES
DE AÇÕES QUE MUDARAM A VIDA DE JOVENS AFRODESCENDENTES E CARENTES
“Quer
viver uma experiência diferente na sua vida?” ―
Foi num bate-papo descontraído
e empolgante que o coordenador do Educafro,
Luciano Baruel, 39, concedeu uma
entrevista ao Letras &
e-Artes no dia 1º de
abril, às 21h30min, no refeitório da Escola Municipal
Luzia de Castro Mittidieri, em Guaratinguetá. Dentista de
formação, esse professor nato e apaixonado pela
profissão do magistério dá detalhes das
conquistas da ação social que tem mudado a sua vida e a
de muitos jovens da região. Apesar de doze anos de existência
na cidade, com resultados concretos e positivos de inclusão
social de jovens e adolescentes, o Educafro
ainda é pouco conhecido pelos
guaratinguetaenses. Se você quiser conhecer melhor esse
movimento, leia esta entrevista e confira como é possível
fazer a diferença numa sociedade muitas vezes indiferente. A
fórmula? Atitude, determinação, sensibilidade e
competência profissional.
Nós
poderíamos começar com você falando um pouco de
si mesmo.
Luciano
- Então, meu nome é
Luciano Fernandes Baruel. Eu sou dentista, me formei há quinze
anos e há quinze dou aula de biologia como hobby
em pré-vestibular.
Eu dei aula em São José dos Campos e em quase todas as
escolas de Guará. Houve uma época em que eu era mais
professor do que dentista.
Você
é casado?
Luciano
- Sou casado.
Tem
quantos filhos?
Luciano
- Tenho dois filhos, um de oito e uma menininha de quatro. E não
sou de Guará... Estou aqui em Guará...
Você
é de onde?
Luciano
- Eu sou de São José
mesmo. Fiz faculdade lá, na UNESP. Conheci minha esposa lá;
nós estudávamos na mesma sala. Vim pra
Guará e comecei a dar aula em
Caçapava, São José e Guará; fiquei nesse
eixo. Depois fiquei São José―Guará,
sempre em pré-vestibular, mas aí acabava puxando pro
terceiro ano do Ensino Médio e
aí eu comecei a me desenvolver muito... Eu descobri que tinha
vocação pra
dar aula, assim, na prática. Eu
nunca fiz pedagogia, nunca fiz licenciatura, não fiz nada. E,
quanto mais eu fui ficando nessa de dar aula, mais aulas foram
aparecendo pra eu
dar, e eu falei: "Puxa! Eu acho que eu vou deixar de ser
dentista desse jeito!". Mas eu acabei me desiludindo... fui me
desiludindo aos poucos com a educação, mesmo
trabalhando sempre em escola particular: Objetivo, Anglo. Todos os
sistemas de ensino, quase, eu já trabalhei. Então eu
falei: "Não; tem alguma coisa muito errada na educação",
e aí eu fui ficando mais no consultório. E eu não
conseguia entender o porquê daquilo. Ainda mais, quando a gente
trabalha só com o público particular. Eu via que os
professores não eram valorizados nem na escola particular.
Tentamos fazer um movimento dentro de um grupo de professores, mas
também nunca funcionava. E eu falei: "Puxa! Por que que
eu vou ficar num ambiente em que... Eu tenho a opção de
escolha. Eu posso ficar no meu consultório, no meu negócio".
Como
foi que você conheceu o Educafro?
Luciano
- Foi através da Ana Paula. Ela
era minha paciente... É até hoje, né,
Ana Paula? (risos).
Precisa voltar... (risos).
Essa aqui também é minha paciente (apontando
para Sílvia Oishi).
Aliás, eu coloquei um monte de coordenador esse ano do
consultório (risos).
Então, nesse momento em que eu comecei a me desiludir com a
educação em 2009, eu parei de dar aula. Eu falei: "Não
vou dar aula nunca mais na minha vida. Eu vou ficar no meu
consultório, vou ser dentista agora”. Daí a Ana Paula
começou a frequentar. E em 2010 eu falava: "Ana Paula,
você faz o que mesmo? Trabalha em projeto social? Como é
que é isso?" E, toda vez que ela ia, eu falava: "Eu
preciso voltar a dar aula". Eu acabei sofrendo de uma síndrome,
e uma paciente minha, que é coordenadora do Educafro hoje
também, dona Zélia, me descreveu em 2004, 2005; chama
(-se)
burn out.
Num determinado momento, a chama se apaga e você não
quer mais dar aula. Ela falou: "Doutor Luciano, eu não
consigo mais pisar na escola". Aí eu vi uma reportagem
sobre essa síndrome, nós discutimos até em
reunião de HTPC, na Usefaz. E isso aconteceu comigo em 2009,
também. De um dia pra
noite, eu falei: "Por que que eu
tô aqui?".
Tudo perdeu o sentido. Eu falei: "Puxa! Eu não quero dar
aula!". A Ana Paula foi o canal pra
me trazer pra
cá. Eu pensava: "Eu tenho
que conversar com essa menina. Ela faz um negócio diferente,
mas que negócio? Vamos ver se eu sinto vontade de dar aula".
Porque eu não sentia mais vontade de fazer o que eu fazia no
pré-vestibular, as coisas muito loucas que eu fazia dentro do
universo do pré-vestibular. Uma vez eu fui até cogitado
pra participar
do Fantástico; eu ia representar o estado de São Paulo.
A produção do Fantástico ligava pra
minha casa, 2007, 2008, pra
professores que fazem coisas
diferentes. Eu tava
ali com a produção: "Meu
Deus! Eu vou pro
Fantástico! Não
acredito!" Mas aí a pauta não acabou acontecendo,
não teve a
reportagem. Até que a minha filha ficou doente; ela teve uma
doença muito grave, síndrome de Kinsbourne, e, do dia
pra noite,
em outubro de 2010, ela parou de andar, parou de falar, parou de
enxergar, parou tudo, só não parou de respirar. Foi
aquele corre-corre, aquela loucura. E, quando ela saiu da UTI, lá
em Jacareí, eu fiquei com ela no quarto e ― eu
conto essa história, eu não tenho vergonha de falar, eu
conto mesmo, já dei até palestra, porque eu ouvi; então
eu tenho que falar o que eu ouvi. E no quarto ela mal se mexia,
ficava lá quietinha, já não estava mais na UTI.
E durante as noites em que eu ficava com ela, escutei uma voz, que
falou assim pra
mim: "Volta a dar aula!". E
eu: "Hum! Caramba! O que será isso?".
Luciano - Não, estava
assistindo televisão. Daqui a pouco: "Volta a dar aula!".
Aí eu conversei com a voz: "Quer saber? Eu não vou voltar a
dar aula! Eu parei de dar aula! Agora eu sou dentista! E eu estou
enfiado nesse hospital! Como é que eu vou voltar a dar aula? Eu não
tenho nem cueca! Saí de casa com a roupa do corpo!". Demorei
trinta dias pra voltar pra minha casa. "Quando eu
voltar pra minha casa, talvez eu volte a dar aula! Mas agora
eu vou ficar aqui! E chega!" Passados alguns dias, eu voltei e a
Ana Paula voltou naquela semana. Eu falei: "Ana Paula, eu
preciso voltar a dar aula. Não me pergunte por quê, mas eu preciso
voltar a dar aula. Tem um lugar pra mim lá no
Educafro? Como é que chama mesmo? Educafro?" E ela: "Tem!".
Na época, em 2011, quem dava aula de biologia eram alunos da FEG.
"Então, arruma um lugar pra mim lá". E foi quando
eu voltei. A gente teve essa conversa, mais ou menos, em dezembro,
janeiro, e em fevereiro de 2011, eu comecei, através da Ana Paula,
que foi aluna do Educafro e ficou dez anos na coordenação.
Funcionava numa igreja, num porão de uma igreja.
Qual igreja?
Luciano - Nossa Senhora das
Graças, aqui no centro, por causa de um frei que fundou o Educafro,
não foi? (para Ana Paula)
O frei Davi?
Luciano - O frei Davi? O frei
Davi é franciscano?
Ana Paula - É, é franciscano.
Luciano - Então é uma obra
franciscana. Os franciscanos moravam ali e cederam... Aí fez um
núcleo em Guaratinguetá. Em dois mil e...
Ana Paula - Dois.
Luciano - Dois mil e dois.
Então, foi o próprio frei Davi,
aqui em Guaratinguetá, que fundou o Educafro, ou ele já era de São
Paulo?
Luciano - Não, o frei Davi é
de São Paulo.
Ana Paula - Foi o frei A.
Ah, o frei A.!
Ana Paula - Que não é mais
frei hoje em dia.
Mas o Educafro já existia em São
Paulo.
Ana Paula - Já existia lá,
iniciou em noventa e sete.
Então o frei Davi é o fundador.
Ana Paula - Ele é o fundador.
Luciano - Seu nome completo,
Ana Paula?
Ana Paula - Meu nome é Ana
Paula Luís Ribeiro.
Nós também não vamos divulgar
sua idade não, mas qual é ela? (Risos)
Ana Paula - Vinte e nove.
Qual é a sua ocupação, a sua
profissão?
Ana Paula - Hoje eu sou
proprietária de uma loja de parafusos.
Luciano - Mas fez faculdade de
administração.
Ana Paula - Fiz administração
em comércio exterior na Metodista. Me formei em 2005.
Luciano - Entrou na faculdade
graças ao Educafro.
Ana Paula - Eu nunca pensei em
fazer faculdade na minha vida, pelas condições financeiras. Eu saí
do terceiro colegial com o nível de estudo que a gente sabe... Meu
pai não tinha condições. Aí o frei A. sugeriu: "Vai lá no
Educafro. Vai no Educafro que...". E, graças ao
Educafro, eu consegui.
Luciano
- Fez a faculdade e ficou dez anos como coordenadora (do
Educafro).
Ana
Paula - Enquanto eu
estava fazendo faculdade, daí quem entrou no Educafro em 2002 já
conseguiu passar na faculdade em 2002. Aí a gente assumiu a
coordenação.
Então o Educafro já tem
conquistas, aqui de Guará. Aproveitando esse gancho, a gente
podia entrar aqui já nessa primeira pergunta: o que é o Educafro e
quais são os seus objetivos.
Ana Paula - Então, o Educafro
é um cursinho de pré-vestibular para afrodescendentes e carentes, e
o objetivo principal do Educafro é colocar os alunos nas
universidades públicas e federais. Tanto que a gente frisa que
prioridade são as públicas e as federais, depois a pessoa vai
tentar uma bolsa, atrás do ProUni, que também é uma conquista do
Educafro, uma luta do Frei Davi.
Luciano
- O ProUni foi um projeto do frei Davi, que é o fundador do
Educafro. Se não me engano, foi apresentado pro
governo Fernando Henrique, mas não deu certo. E aí o Lula, quando
assumiu, comprou a ideia e implementou o ProUni, que existe até
hoje, que são bolsas pra
faculdades particulares. É um projeto que nasceu com o frei Davi no
Educafro.
A segunda pergunta já foi
praticamente respondida: quem o propôs como ação e quando.
Luciano
- Na verdade, originalmente o Educafro era só pro
público afrodescendente. Tinha o objetivo de fazer uma compensação
da desigualdade, né?, colocar o público afrodescendente na
universidade, pra
compensar essa desigualdade que existe até hoje. Mas, como os
próprios afrodescendentes passaram a não frequentar, aí foi feita
a abertura para afrodescendentes e carentes, que é o slogan
hoje do Educafro.
E essa abertura é aqui só em
Guará ou, por exemplo, funciona no Rio e em São Paulo?
Luciano
- Nacional. Hoje é pra
afrodescendentes e carentes.
Qual
o seu papel no projeto?
Luciano - Então,
em 2011 eu entrei, fiquei 2011, 2012 e 2013 apenas como professor de
biologia, dando uma aula semanal. Eu fiquei... vamos dizer...
praticamente dez anos dando aula para um público particular. Em 2011
eu me vi numa realidade totalmente diferente, em que eu não me
achava no direito de cobrar daquele jeito que eu cobrava. Então foi
um ano em que eu passei me adaptando, e eu falei: "Meu Deus!
Como é que eu vou chegar nessa gente?". Foi o ano também
em que minha filha se recuperou. Eu falei: "Ana Paula, você me
desculpe. Eu já dei muita aula, mas essa aula que eu dei semana
passada foi horrível. Cê me desculpe". E a Ana Paula:
"Mas os alunos adoraram!". Aí eu medi o nível de carência
desses alunos: "Meu Deus! Eu dei uma porcaria de uma aula e
esses alunos adoraram. Esses alunos são carentes mesmo!". E aí
eu comecei. Chegou no final do ano, eu fiquei frustrado. Por
quê? Porque eu não consegui terminar o conteúdo, era uma aula de
cinquenta minutos por semana, e eles foram pro vestibular sem
saber as coisas direito, e eu terminei aquele ano com essa sensação:
eu fingi que ensinei, eles fingiram que aprenderam, e o Educafro é
uma enganação. Mas, em gratidão àqueles alunos, aos cinco que
terminaram naquele ano de 2011, eu terminei falando: "Vocês me
ajudaram muito mais do que eu ajudei vocês. Então eu vou ficar mais
um ano. Em gratidão, porque vocês me ajudaram num processo de
reorganização da minha vida, nesse momento novo, com que até hoje
eu não sei lidar, mas eu me tornei uma pessoa melhor estando aqui
com vocês". Em 2012 eu fiquei, em gratidão a 2011; eu devia
aquilo a eles. Eles me ajudaram muito, porque eu estava acabado por
causa da questão familiar. Em 2012 nós tivemos uma experiência com
um aluno que... a Ana Paula já viveu outras tantas experiências,
mas essa foi a que me marcou. Naquele ano teve um menino,
ex-usuário de droga, em 2011, que passou na Universidade Federal de
Ouro Preto e em outras também. Ele diz até que vai montar um núcleo
do Educafro lá em Ouro Preto agora.
E ele está estudando?
Luciano
- Está. Ele entrou para a faculdade em 2012. Eu cheguei a dar aula
pra ele. Então, eu
falei: "Como é que ele passou?". Fiquei intrigado; como é
que ele passou? Em 2011, 2012, entrou um aluno, o T, ex-usuário
de drogas, que tinha acabado de se recuperar na Casa Dom Bosco, aqui,
também sustentado por um dos professores que deu aula durante muitos
anos no Educafro, professor de história, Robertinho, que falou:
"Agora você vai estudar e vai estudar no Educafro". Ele é
de Caçapava e veio se tratar aqui. Sentava no fundo...
E ele é afrodescendente?
Luciano
- Ele é. E eu pensava: "Meu Deus! Esse cara vai matar todo
mundo aqui". E, dando uma aula de fungos, que eu dei durante dez
anos, no final eu falei: "Então, dos fungos a gente pode fazer
alucinógenos, cogumelo, chá de cogumelo, pessoal, o próprio LSD".
E ele levantou a mão; ele nunca falou nada. Isso era junho mais ou
menos: "Eu já tomei muito chá de cogumelo". Eu falei:
"Nossa! Ah, é?". E ele: "Ah, e LSD também eu já
tomei". "Puxa! Então vamos fazer o seguinte: como é que é
isso? Porque eu sempre dei essa aula e não sei como é que é, nunca
tomei, não sei que barato que dá. Então você pode me explicar
como é que funciona o LSD, o que que você vê. Dou essa aula há
dez anos, e nunca ninguém comentou nada". E ele começou a dar
uma aula de qual cogumelo, de quanto custa o LSD, onde compra, quanto
é, como usa, e ficou todo mundo assim... E eu descobri um talento
nele: "Você é um bom comunicador. Você serve pra
dar palestra, dar aulas... Nós vamos fazer uma palestra sua”. E
ele: "Eu?". "Você vai falar das drogas que você
usou; vai fazer uma palestra aqui pra
gente". Fizemos um trabalho com ele, ele deu uma palestra pra
gente, assim, chocante, em que eu saí passando mal, com vontade de
vomitar. Eu falei: "Agora nós vamos trabalhar você, e você
vai falar só de crack,
maconha e cocaína e nós vamos dar uma palestra sua numa escola”.
Ele e um outro coordenador, o Oliveira, ele trabalha em presídios e
na Fundação Casa, fazendo projeto social também. Ele é um
coordenador da época da Ana Paula e está no Educafro até hoje, na
coordenação. Dá aulas de cidadania aqui também. O T falava
uma hora e o Oliveira falava meia hora. Um paciente meu era
vice-diretor do Cotec. Eu falei: "Olha, tem
um maluco lá, um carinha, que leva jeito, mas eu preciso de um lugar
para testar ele. Vamos
fazer uma palestra lá para os seus alunos do Cotec?" E ele: "
Vamos! Essa semana é a semana antidrogas. Já foi um cara da
polícia, vamos levar ele.
Vamos levar um usuário". "Olha, eu não sei o que vai
acontecer, mas o cara é bom". "Então vamos levar".
Terminada a palestra, olha, eu só não chorei pra
não ficar chato. Eu ficava disfarçando. Foi um sucesso. "Meu
Deus! Nós temos a melhor palestra antidrogas do Brasil". Eu
tinha certeza que ali nós tínhamos os ingredientes perfeitos. Os
alunos levantaram, iam abraçar, tirar foto, virou uma celebridade.
Na outra semana, nós estávamos na Usefaz e, em dez dias, eu já
tinha agendado pra ele
palestra na Liebherr,
na Basf, FEG, Cotec. A gente ia correr todas as escolas particulares
de Guará. "Vou ser seu empresário, mas eu não vou ganhar
nada. Mas, se você salvar um moleque desses aí, já valeu".
Ele tem a experiência de tráfico de drogas, de uso de drogas nas
fábricas, porque ele viveu isso. Então ele ia fazer essa palestra
nas fábricas. Eram os ingredientes perfeitos. E aí a gente já
tinha tudo agendado e terminamos o curso em dezembro com seis alunos.
Eu falei: "Gente, vocês tinham que estar lá para ver o que
esse colega de vocês fez. Eu me senti orgulhoso de estar aqui, de
ter vivido um dia isso na minha vida, então eu vou ficar no Educafro
até o último dia da minha vida, porque eu vivi isso e eu quero
viver mais. Porque eu achei que isso aqui era uma enganação, todo
mundo se enganava. Educafro não é só colocar os alunos na
universidade; aqui a gente resgata pessoas. E agora isso faz sentido
pra mim.
E hoje o T faz o quê?
Luciano - Naquele ano, em
janeiro, o T passou na Universidade Federal, com todas as
palestras agendadas, e o pessoal falou: "E aí? E o rapaz?".
Eu falei: "O rapaz passou pra faculdade".
Qual faculdade?
Luciano - Universidade Federal
do Piauí.
Qual carreira?
Luciano - Pedagogia, mas ele
vai mudar para sociologia. Acho que já mudou.
E ele está lá fazendo?
Luciano - Está lá até hoje,
está no segundo ano.
Então, todos que passam, fazem
faculdade.
Luciano - Fazem; naquele ano
todo mundo passou. Os seis que ficaram passaram.
Os seis. Turminha boa.
Luciano
- Foi um milagre! Meu Deus do céu! Eu falo isso até hoje. Me
convidam pra dar
palestra de trabalho voluntário, eu falo: "Eu sempre quis ver
um milagre na minha vida. Só que eu já vi e vi no Educafro. Eu
sempre quis ver".
Então, provavelmente se não fosse
o Educafro, talvez esses alunos não estivessem em faculdade.
Luciano
- Com certeza, porque não têm dinheiro pra
pagar um cursinho.
Então o Educafro tem resultado.
Luciano
- Tem resultado! O D, esse que passou em 2011, o Oliveira chegou a
tirar de biqueira de
tráfico de drogas aqui em Guará. Ele tinha recaída, ele tentou se
matar. A história dele é tão fantástica ou até mais que a do
T; é que da do T eu participei diretamente, a dele eu peguei
só o final. Tem n
histórias de transformação de vida dentro desses anos de Educafro. O
D, o T e outros são os ícones de milagres mesmo. Nas
palestras ele fala: "Quando eu entrei no Educafro, eu não sabia
fazer uma conta de dividir. Eu fumei crack
durante dez anos. Meu cérebro estava cozido". Ele entrou em
maio, e em seis meses, nove meses, ele entrou na universidade
federal. Através do programa de cotas... entrou! E ele deu
depoimento ano passado para os alunos daqui. "Minha nota mais
baixa na universidade é oito e meio, nove", disse. Ele é líder
de sala, representante de sala, deu palestra antidrogas na
Universidade Federal do Piauí.
E você, que tem uma experiência
grande como professor, deu aula para várias escolas particulares,
conhece a estrutura da escola e do Educafro, pois já tem dez anos de
Educafro...
Luciano - Aqui eu estou no meu
quarto ano de Educafro.
Quatro anos de Educafro. Ao que
você atribui esse sucesso do Educafro, que muitas vezes a escola não
consegue? Porque todos esses que estão passando pelo Educafro já
passaram pela escola, e o Educafro consegue, em pouco tempo, o que a
escola não consegue.
Luciano
- O Educafro tem muita evasão. Nós começamos com quarenta e
terminamos com quatro. Esse é um problema. O aluno da escola
particular não vê o professor como um amigo; raramente vê. Ele tá
ali te fiscalizando.
Se você der um deslize, falar alguma coisa errada, ele já reclama
para o superior, para o diretor: "Pô! Fulaninho não sabe dar
aula". Ali você é testado a todo momento, você está passando
por um teste. Então, não há uma relação de amizade verdadeira
entre professor e aluno na escola particular. E eu mesmo vivi isso
durante dez anos. Eu sabia que, se eu desse um vacilo ali, minha
cabeça ia rodar; eu não podia errar. O que foi bom pra
mim, porque eu tinha que me aperfeiçoar, sempre, né?, me garantir
todo dia. Aqui não. Silvinha (a nova admissão do
Educafro, professora de química)
vai começar agora; se ela travar, as pessoas não vão crucificar
ela. "Pô, ela
saiu da casa dela, veio nos ajudar. Essa pessoa é nossa amiga".
Então, aqui nós acabamos sendo amigos dessas pessoas. Porque ele
nos veem como pessoas que estão ali para ajudar, porque nós não
estamos ganhando nada para estarmos aqui à noite com eles. Eu falo
isso para as pessoas que eu trago pra
cá: "Quer viver uma experiência diferente na sua vida? Vai lá!
O que que vai acontecer? Não sei. Todo ano é diferente, todo dia é
diferente. Mas, quer viver uma incógnita na sua vida, vai para o
Educafro". Por isso que eu trouxe minha sogra esse ano, estou
trazendo a Silvinha, que é minha amiga, e convido todo mundo. Quer
viver uma coisa muito louca na sua vida, vai lá. Eu vivo. Eu comecei
a viver em 2012, sempre quis ver um milagre e vi em 2012 e quero ver
mais, e sei que, se eu estiver aqui, eu vou ver mais outro daquele.
Então, isso puxa para a próxima
pergunta, mas, antes de entrar nela, só uma questão técnica:
quantos professores o Educafro tem no momento, quantos são os alunos
e quais são as matérias que eles estão frequentando aqui?
Luciano - Nesse exato momento,
nós acabamos de completar o quadro de professores. Nós temos dois
professores de biologia, três de matemática, dois de química
agora, dois de física, dois de geografia, gramática, literatura,
redação, inglês, quinze já?, cidadania, dois de história.
Dezoito. Nós temos todas as disciplinas que um pré-vestibular
necessita e mais uma, que é cidadania, que pré-vestibular não tem.
Esse é o diferencial.
Luciano - Dez alunos
frequentando e temos a coordenação. Hoje temos quantos
coordenadores? Dois na segunda, dois na terça ─ eu sou coordenador
e professor ─, dois na quarta, três na quinta e um na sexta. Dez
coordenadores.
A faixa etária dos alunos gira em
torno de quê?
Luciano - Mais ou menos, dos
dezoito aos quarenta e cinco. Mas nós já tivemos alunos, nesse ano
de 2012, acima dos sessenta. E um deles passou na universidade, a
dona Sandra. Ela estava lá com a gente, mas temos dez alunos
frequentando; começamos com quinze, chegou a ter vinte e cinco, hoje
estamos com dez. A evasão é um desafio a ser superado.
"Não precisamos de dinheiro; precisamos de visibilidade." |
Essa
próxima pergunta é de cunho político, mas também diz respeito às
ações sociais. Em São Paulo e no Rio, percebe-se uma ação
politicamente mais atuante do Educafro, inclusive com intervenções
que chamaram a atenção da mídia em eventos de moda, como São
Paulo e Rio Fashion Week,
onde se protestou contra o desrespeito à reserva de 10% no casting
para modelos negros, o que
efetivamente, em 2013, foi atendido pelos organizadores desses
eventos. Em Guaratinguetá, há alguma preocupação com um
engajamento político que produza maior visibilidade ao projeto e
consequentemente resultados no problema da inclusão?
Luciano
- O Educafro já participou durante alguns anos, no passado, de
eventos em São Paulo, Passeata dos Excluídos,
em Aparecida.
Ana
Paula - No Sete de
Setembro, a gente se reúne lá em Aparecida no Grito dos
Excluídos.
Luciano
- Grito dos Excluídos. Mas,
o que aconteceu no núcleo em Guará nesse momento? Nós não temos
ações aqui, a parte política em Guará é praticamente inexistente
hoje. A gente vê que o Educafro se esforça em tentar sobreviver. O
Educafro era pra ter
acabado, não era pra
ter em 2014. No final do ano, nós fizemos uma reunião: "Ano
que vem, não tem mais condições de continuar". E aí, como eu
estava vivendo o momento de um projeto odontológico em que eu tinha
até uma equipe lá comigo, eu falei: "Não". Trouxe meu
estagiário aqui. "Eu tenho uma estrutura que me permite ajudar
o Educafro hoje, e em 2014 o Educafro não vai acabar. Eu vou puxar
firme e vou puxar todo mundo". Então o Educafro está, meio
assim, na UTI em Guará. É um núcleo fraco, perto do de São Paulo.
Na verdade, nós não temos praticamente relação com São Paulo.
Não tem um intercâmbio?
Luciano
- Obrigatoriamente nós temos que enviar, uma vez por mês, um
voluntário nosso para ficar a par. Mas a realidade de São Paulo é
muito diferente da nossa, tudo é maior, tudo funciona. Aqui as
coisas são... praticamente pra
manter o Educafro sobrevivendo. Então, o que eu propus para 2014?
Renovar a coordenação; praticamente quase toda a coordenação é
nova. Trouxe a Ana Paula de volta, que ela tinha saído também;
acabou se desmotivando, porque trabalhar num projeto social é
difícil, né? São dez anos, né? Eu implorei pra
ela voltar, e ela voltou. Eu sou muito grato a ela, porque ela tem
uma experiência muito grande, e precisa mesclar essa mudança, a
experiência dela e do Oliveira, que continua desde sempre. Dos dez,
oito são novos na coordenação. Então está todo mundo... Eu estou
tentando manter essa coordenação unida, pra
que, a partir da coordenação, a gente possa fortalecer o grupo de
professores, que também não se reúne... Nesses quatro anos, tinha
uma reunião por ano de todo mundo, e ia a metade só. E eu falei:
"Gente, a gente não pode ter um evento coletivo em que as
pessoas se encontram uma vez por ano só". Então nós temos
desde 2014 reuniões quinzenais da coordenação. Agora é que a
coordenação está entrando na linha; reunião com os professores e
reunião com os alunos também. A gente está fortalecendo a
coordenação, mas nós não temos ações políticas aqui em
Guaratinguetá. Mas, nesse movimento novo, eu já entrei em contato
com um grupo de coral de Aparecida, chamado “Aparecendo”, e nós
estamos tentando desenhar um evento em Guará pra
apresentar para a sociedade guaratinguetaense o Educafro, que já
existe aqui há 12 anos, mas, se virar a esquina ali, ninguém sabe o
que é.
Eu (professora Daniella, do
Letras & e-Artes) não conhecia o Educafro. Eu sou daqui e
não conhecia. Nunca ouvi falar. Fui ouvir falar com a professora do
meu filho, a Heloísa.
Luciano
- Que está aqui na coordenação porque eu falei: "Tia Helô,
vamos pro Educafro.
Você é afrodescendente, vai lá pro
Educafro". E ela veio com a Tia Lu (ambas agentes de
educação do Colégio Aquarela; tia Helô, professora; tia Lu,
inspetora). Então, vamos
apresentar o Educafro pra
sociedade guaratinguetaense. Aí, nós vamos fazer um evento
motivacional, cultural. A gente vai tentar fazer uma coisa pra
dar visibilidade. O Educafro não precisa de dinheiro; o Educafro
precisa ser conhecido. As pessoas precisam saber que isso existe para
que elas possam procurar. O aluno quer participar? Venha participar
da coordenação, venha dar aula.
De repente há poucas pessoas assim
porque as pessoas não conhecem.
Luciano
- A gente passa por dificuldades assim porque nós não não
somos conhecidos. Nós estamos em Guará há doze anos, com
resultados excepcionais, com toda a dificuldade, histórias
maravilhosas... Eu fui na Metropolitana (rádio)
divulgar o Educafro agora em janeiro, e as pessoas que ouviram,
falaram: "Nossa! Que legal!". E o
T ia comigo nesse dia, mas não conseguiu chegar. E tem
outras histórias, outras tantas. Essa foi uma que eu presenciei.
Mudou a minha vida, de verdade! Hoje eu sou uma pessoa diferente por
ter vivido o ano de 2012 aqui no Educafro, por ter vivido o ano de
2011, mesmo no pior momento da minha vida. E eu digo: "Agora,
depois de quatro anos, é que eu estou me adequando a esse público".
E é diferente. Totalmente diferente do público da escola
particular. E hoje eu vou dar palestras nas escolas particulares pros
alunos começarem a enxergar isso também. E algumas escolas já têm
o interesse de fazer uma parceria com o Educafro, pra
que o aluno da escola particular tenha contato com essas pessoas. É
uma realidade nova pra
mim também. Mas hoje, depois de quatro anos, eu já me sinto fazendo
parte disso aqui. Levei quatro anos para me adaptar. É difícil, uma
realidade muito diferente da nossa.
A
história do T já foi bastante representativa das conquistas do
Educafro e responde bem a pergunta oito, mas a gente pode voltar a
ela no final, se você quiser. A nove trata um pouquinho da questão
do preconceito, principalmente com relação às cotas. A pergunta
é a seguinte: Diferentemente de países como os EUA, em
que estão solidamente instituídas em praticamente todos os setores
da sociedade, as políticas afirmativas no Brasil ainda causam receio
e levantam muitas críticas contrárias. Ao que o senhor atribui esse
fato e de que maneira o senhor encara essa resistência?
Praticamente, no Brasil inteiro,
que é um país de formação étnica fortemente afrodescendente,
seria de se esperar que as pessoas fossem mais receptivas com as
políticas de ações afirmativas, como as cotas. E justamente, mesmo
pessoas afrodescendentes, criticam essas ações. Como o senhor vê
isso?
Luciano - Eu sou favorável às
cotas. Eu acho que existe uma desigualdade, só não vê quem não
quer. Basta você ver uma imagem de um presídio. A maioria da
população é negra, afrodescendente. Então existe alguma coisa
errada. Eu sou a favor. Há uma desigualdade e essa desigualdade
precisa ser compensada de alguma maneira; desigualdade histórica
que precisa ser compensada. Educafro e as cotas... O Educafro
originalmente veio com essa proposta, mas, por conflitos internos,
ficou só o nome, a questão do afro, apesar de que o frei Davi
sempre está em Brasília representando o Educafro, fazendo pressões
no Congresso pra determinadas votações lá.
A imprensa é um pouco negativa com
relação às ações dele, que às vezes geram polêmica.
Luciano - Eu acho
que existe uma desigualdade, e as cotas, se precisa de algum ajuste
ou não, é uma maneira de compensar isso. O T é um exemplo. Ele
não estaria na Universidade Federal do Piauí sem as cotas. Não
estaria, pois a nota dele foi baixa no Enem, mas, graças às cotas,
ele conseguiu entrar. Mudou a vida dele. Hoje ele é um líder na
universidade dele. Então está aí um exemplo vivo. Funciona; você
resgatou. Mas não é só para afrodescendentes, é também para
carentes.
Então
é para afrodescendentes e carentes agora, mas originalmente...
Luciano - Foi
originalmente para afrodescendentes. Hoje ficou só o nome, porque
existe o trabalho para o público afrodescendente, que ele (o frei
Davi) faz lá no Congresso, existe. Ele vai representando o
Educafro, pois foi ele o fundador, mas dizer que é para
afrodescendente hoje, não é. Ficou somente o nome. Mas eu
particularmente sou favorável às cotas, pois existe a desigualdade.
Sou favorável também às cotas socioeconômicas, acho que deveriam
existir; não só a racial. Eu acho que deveria ter uma cota
socioeconômica, e automaticamente ia chegar nos negros.
Mas, como não é um modelo muito aperfeiçoado ainda, antes cota
para afrodescendente do que nada. Antes isso do que nada.
Você
acredita que o efeito das cotas possa gerar o oposto na sociedade,
com mais preconceito, mais intolerância ou não?
Luciano - Sinceramente, no
começo houve muito esse movimento. A gente via confusão. Hoje já
não. Tem um comentário, mas nenhum movimento contra. O
próprio Enem favorece o aluno que vem da escola pública; é uma
prova mais democrática. E o Enem veio mudando isso também. Então
eu acho que a sociedade brasileira, lentamente, está aceitando mais
isso.
E
os projetos do Educafro para 2014?
Luciano - Nós
temos aqui hoje um espaço cedido pela prefeitura em 2011, 2012...
Nós perdemos nossa vaga lá na igreja, porque saíram os
franciscanos e vieram freiras não sei de quê congregação. E elas
não queriam ninguém lá. E aí nós, de repente, estávamos sem
sala. Então apareceu aqui o CEMEP, e a Prefeitura cedeu uma salinha.
Em 2013 nós estivemos aqui. É uma sala de aula, com tudo bonitinho,
como a gente (queria)... com iluminação mais
adequada, mais arejada, temos um espaço maior. Então o Educafro
está aqui hoje e precisa ser conhecido. Nosso projeto hoje, nossa
meta é manter o Educafro funcionando... No ano passado, nós tivemos
muito problema com falta de professor, o que também colaborou com a
evasão. O aluno vinha aqui e ficava horas sem aula. Então
conseguimos contornar esse problema, estamos com o quadro completo.
Temos uma coordenação unida. Essa era nossa meta inicial:
reestruturar o funcionamento interno aqui. Não precisamos de
dinheiro; precisamos de visibilidade. Então nós estamos pra
tentar fazer, ainda no primeiro semestre, um evento na cidade,
apresentando o Educafro pra sociedade de Guará, convidando o
jovem a estudar: estudar é legal. O jovem da escola pública, que,
hoje em dia, não quer mais saber, não tem mais o sonho de fazer uma
faculdade. Eu sei porque eu tenho vários conhecidos, que até dão
aula em escola pública, e vivem essa realidade: os alunos não
querem saber mais de nada. (Queremos) mostrar pra eles
que estudar é legal, que o Educafro existe. Venha estudar no
Educafro, e você, venha participar também, fazer uma atividade
voluntária, venha experimentar isso um dia na sua vida. Esse é o
objetivo nosso: manter o Educafro numa renovação de coordenação,
professores. Porque nossa preocupação hoje não é ter número de
alunos; o Educafro é muito forte sabe onde? Na região Bragantina.
Porque lá tem universidades particulares que fizeram uma
espécie de convênio: o aluno que passar pelo Educafro ganha uma
bolsa.
Mas isso não seria uma ideia aqui
pra Guará, pra região?
Ana Paula - Antes, quando
surgiu o Educafro em Guará, na sala cabiam quarenta alunos; tinha
oitenta esperando pra entrar. Mas qual que era o interesse da
maior parte que ia procurar o Educafro? O Educafro tinha convênio
com várias universidades e conseguia bolsa, tanto que eu consegui
através de bolsa; eu fiz a Metodista. Mas o enfoque do Educafro não
era a pessoa ir lá no intuito de passar pra universidade
particular. Mas a pessoa ia por causa da bolsa. Hoje em dia, não
tem; tem algumas bolsas. Inclusive tem dois
alunos nossos que fizeram faculdade em Cuba, em educação física,
com tudo pago, através do Educafro. E esse convênio ainda tem
com a universidade de lá. Tem algumas universidades, acho que
a São Francisco, em São Paulo, que ainda têm convênio com o
Educafro. Se algum aluno quiser prestar algum curso, o Educafro dá
um jeito de arrumar um alojamento...
Como o Educafro levanta esses
recursos, já que é um projeto social?
Luciano - No caso, a
universidade dá o curso pro aluno que passou pelo Educafro. O
Educafro não precisa bancar nada. Se o aluno veio do Educafro: "Ah,
tá. Vai estudar de graça". E aqui no Vale do Paraíba,
nenhuma universidade se interessou em fazer isso.
E aqui no Vale só em Guará tem
Educafro?
Luciano - Só.
Ana Paula - No ano passado
tinha em Aparecida.
Luciano - Dois anos funcionou
em Aparecida, com resultados muito bons também, mas esse ano não
foi possível montar uma coordenação lá.
Apenas um comentário final. Já
que faz parte do projeto para esse ano visibilidade, então a
entrevista aqui pro Letras veio a calhar. Nosso site é
bem acessado, já está com mais de duzentos mil acessos...
Luciano - Esse ano
eu estou saindo em vários lugares e eu falo: "Quer ajudar o
Educafro? Então divulgue o Educafro". Só isso. A gente não
quer dinheiro. A gente não precisa de dinheiro. O aluno paga uma
mensalidade de vinte reais, e tem que ter um repasse pra
São Paulo, acho que de sete reais, obrigatório e só. E esses
outros treze reais, a gente faz um caixa pra mandar um
representante nosso pra São Paulo uma vez por mês, pagar o
ônibus, alimentação e às vezes comprar folha de sulfite, tinta de
impressora, coisa de escritório. Então a gente não precisa de
dinheiro; nós precisamos ser conhecidos. Só isso; e vocês do Letras & e-Artes estão
ajudando a gente.