... Alô, alô,
Sumaré! Alô, alô, Embratel! Alô, alô,
Intelsat 3! Alô, alô, criançada do meu Brasil!
Aqui quem fala é o Capitão Aza, Comandante e chefe das
Forças Armadas infantis deste Brasil!
Durante treze anos, todas
as tardes de segunda a sexta-feira, a partir desse chamado, bolas,
carrinhos, pipas e bonecas eram deixados de lado imediatamente;
atendendo a essa convocação, todas as crianças
corriam para a frente da televisão para ouvir as orientações
de seu Comandante e para assistir aos desenhos de Speed Racer, por
exemplo, o campeão de audiência. O Clube do Capitão
Aza estreou na TV Tupi em setembro de 1966. Mas a história
do homem por detrás do personagem que leva muitos quarentões
às lágrimas quando expostos às imagens ou às
músicas do primeiro ídolo infantil de nosso país
começou muito antes.
Sua saga se inicia em
verdade na construção de sua carreira como homem da
lei. Sim, homem da lei (e todo herói não o é?),
já que acabou por se constituir Delegado da Polícia
Civil do Estado do Rio de Janeiro, função que
desempenhou de 1970 até 1991, quando então
se aposentou, após quarenta anos de serviço prestados a essa instituição.
E, ao empregarmos a
palavra herói não estamos nos referindo apenas ao mundo
da ficção, pois, como membro da Polícia
Especial, ainda bem jovem, antes de se lançar às artes
cênicas, sendo responsável pela segurança de
ninguém menos que o Presidente da República, Wilson
literalmente salvou Getúlio Vargas de um atentado que poderia
ter sido fatal. Sua singular e extraordinária história
prossegue na luta por se estabelecer
como ator de cinema no Brasil e no exterior, passando, é
claro, pela inacreditável viagem feita até o México
a bordo de uma Kombi, viagem que por sinal começou com o
desafio de ser cumprida inicialmente de um modo bastante insólito.
Como você pode ver,
há muito mais além do "A" alado gravado
naquele capacete branco, ou teria sido cor-de-abóbora? Já
vamos saber!
A infância
O menino Wilson Vianna
nasceu em Ipanema, no Rio de Janeiro, e passou a infância em
Jacarepaguá. Filho de Ruth Vasconcelos Vianna, corista do
Teatro Municipal, e de Eduardo Lopes Vianna, advogado não
formado, aproximou-se da vida artística por influência
de seu irmão mais velho, Wallace Vianna, ator de teatro, que
chegou a contracenar com Bibi Ferreira e a trabalhar com Procópio
Ferreira e que mais tarde desistiu da carreira para se dedicar à
música.
Entre as brincadeiras, o
estudo e fartas leituras de gibis como Mandrake, Brucutu e Dick
Tracy, Wilson foi acalentando o sonho de se tornar ator de cinema, o
que, de fato, acabou acontecendo até mais cedo do que ele
imaginava. Mas, antes, confira como foi sua entrada para a Polícia
Especial, mal tendo saído da adolescência.
No meio do caminho, uma
pedra
Wilson na Polícia Especial |
No
ano de 1949, seu primo Austo Belini, policial-motociclista da guarda
do Presidente Getúlio Vargas, e um dos atores do filme Ganga
Bruta, levou-o para a Polícia
Especial; ela era responsável pela segurança do chefe
de Estado. Dessa época veio o gosto de Wilson por motocicletas
e a habilidade de fazer acrobacias em cima delas, como uma pirâmide
humana com dezenove homens. Por sua destreza, foi convidado a
integrar a equipe de batedores do Presidente, função
que representaria um grande desafio para qualquer pessoa, quanto mais
para um rapaz de apenas dezoito anos.
Uma
vez admitido na Polícia Especial, Wilson passou a acompanhar
de perto o estadista e foi responsável por um ato de
verdadeiro heroísmo, o qual já mencionamos
anteriormente, ao evitar um suposto atentado contra Getúlio
Vargas, em Petrópolis (RJ), livrando-o do golpe certeiro de
uma enorme pedra que rolava em sua direção. Em suas
memórias, registradas no livro de Dora Mendonça,
A trepidante
vida de Wilson Vianna, o Capitão Aza,
no qual nos baseamos para esta pesquisa, o ator conta que o gesto
brusco feito em direção a Vargas para protegê-lo
quase fez com que Gregório Fortunato, segurança
particular do Presidente, o alvejasse com um tiro; Gregório
pensou se tratar de uma agressão, mas o equívoco logo
se desfez com o abraço efusivo que Vargas lhe deu pelo gesto
heroico.
Luz, câmera, ação!
Seu
porte atlético, a altura (1,80) e o rosto viril, apesar de
bastante jovem ainda, atraíram a atenção do
diretor de cinema José Carlos Burle, que o convidou, no início
dos anos 50, para atuar no filme Barnabé,
tu és meu,
estrelado por Oscarito, Grande Otelo, José Lewgoy, Wilson Grey
e Maurício do Vale. Deu-se assim sua entrada para o universo
cinematográfico, justamente através da maior produtora
da época, a Atlântida.
Alguns
filmes mais tarde, evidentemente a carreira na Polícia
Especial teve de ser interrompida. Fez vários filmes com o
renomado diretor José Carlos Manga, entre eles Matar
ou correr,
ao lado de José Lewgoy e Wilson Grey, filme que satirizava o
americano Matar
ou morrer,
estrelado por Gary Cooper. Trabalhou ainda para os estúdios da
Vera Cruz e para a Universal Pictures.
Cena do filme Baru, rodado no México, protagonizado por Wilson. |
Contabilizou
ao todo 63 filmes, 43 dos quais no Brasil, porque nosso homenageado
chegou a desfrutar de certa notoriedade internacional, na Costa Oeste
dos Estados Unidos e no México, onde atuou em vários
filmes, protagonizando inclusive um em que vivia uma espécie
de Tarzan latino, o Baru. O personagem atingiu grande popularidade
entre os mexicanos e, em filmes como Baru,
o Homem da Selva e
O Mundo Selvagem
de Baru,
Wilson chegou a contracenar com a Miss México de 1958. Nesse
país viveu durante três anos, 57, 58 e 59, trabalhou em
oito filmes, participou de muitos programas de televisão,
apresentou um programa de rádio e fez shows
em casas noturnas. Retornou ao Brasil no início de 1960.
Pioneiro da dublagem
De volta ao solo pátrio,
a convite de Adolfo de La Riva, amigo seu desde os tempos no México
e diretor da empresa de dublagens Rivaton, Wilson assume a direção
da Zivi-International Television Programs, braço brasileiro da
Rivaton, e contribui para a implantação da técnica
de dublagem cinematográfica no Brasil, que ainda não a
utilizava, inaugurando um novo campo de trabalho técnico-artístico.
Nessa empresa, Wilson dublou mais de três mil filmes e séries,
tendo sido parceiro de trabalho do grande ator Mário Lago.
Entre as várias dublagens que fez, destacam-se as dos seriados
Bonanza, Bat
Masterson, O homem do
espaço, Aventura
submarina e Patrulha
Rodoviária.
¡Volver a Mexico!
Chegada ao México, após um ano de viagem. |
Mas o México ainda
voltaria a aparecer na vida daquele que seria eternizado como Capitão
Aza. Isso porque em 1961 o chefe do Setor de Certames da Secretaria
de Turismo do Estado da Guanabara (como então era chamado o
Rio de Janeiro), Celso Azambuja, no intuito de promover a comemoração
dos quatrocentos anos do Rio, fez-lhe a seguinte proposta: ir até
a cidade do México, onde já era famoso por causa de
Baru; só que a viagem teria de ser feita a cavalo! Wilson
aceitou o desafio, e toda a empreitada está devidamente
relatada no livro já citado de Dora Mendonça. Apesar
dos extremos riscos, ele completou sim a viagem, só que de
Kombi, façanha que, convenhamos, mesmo hoje, com as
facilidades do celular e do GPS, já apresentaria desafios de
sobra.
Para quem ainda acha que
uma Kombi facilitou as coisas, bastaria saber que a caravana se
inciou a cavalo mesmo. Wilson, na companhia do comediante Jaime Filho
e de um soldado da Polícia Militar, saiu de Copacabana no dia
28 de outubro. No dia 24 de dezembro, depois de muitos percalços,
alcançaram São Paulo, perfazendo uma média de 15
a 20 quilômetros por dia. Somente ao chegar em Curitiba, já
sem os dois companheiros do início da jornada, que haviam
desistido, é que Wilson, cansado e preocupado com a condição
dos cavalos, tomou a decisão de completar a viagem de outra
maneira.
Com Pelé e o companheiro de viagem Luiz Montoro, em São Paulo. |
Com o apoio da Volkswagen de São Bernardo do Campo, que lhe cedeu uma Kombi autenticamente alemã, o ator, ao lado de um novo companheiro de viagem, Luizinho Montoro, deu prosseguimento à aventura, que, de forma alguma, foi mais leve por causa do veículo. Wilson não tinha patrocínio em dinheiro e teve de fazer, para sobreviver, nas cidades pelas quais passava, pequenas apresentações, onde conseguia fundos para alimentação, manutenção da perua e gasolina.
Depois de cruzar os
países Argentina, Chile, Peru, Equador, Colômbia, Costa
Rica, Nicarágua, Honduras e Guatemala, de enfrentar o calor de
50° do Deserto de Atacama, o frio de Macchu Pichu, de quase ser
morto por bandoleiros colombianos e de permanecer cinco dias com a
Kombi atolada no rio Ceibo em solo costarriquenho, Wilson e seu
companheiro chegam finalmente à cidade do México, onde
foram recebidos com banda de música até. A aventura de
incríveis 18.200 Km,
concluída em dezembro de 1962, um ano após seu início,
ganhou amplo destaque da imprensa daquele país.
Um brasileiro em
Hollywood
Depois da jornada ao
México, Wilson Vianna seguiu para os Estados Unidos ainda para
tentar a carreira no cinema, apostando no fato de já ter feito
alguns filmes pela Universal Internacional, como O Monstro de
Curuçu (The
Curuçu Monster of the Amazons)
e Amantes Cativos das Amazonas (The
Love Slaves of the Amazons). Mas
o fato de ser estrangeiro não lhe foi propício, e o
ator passou os anos de 1963 e 1964 se sustentando em funções
como guia de cego, baby sitter,
frentista de posto de gasolina, lavador de carros, ajudante de
caminhão e estivador.
Contrariando
as expectativas, a chance de atuar no cinema internacional finalmente
lhe chegou pelas mãos de Anne Glen, secretária de
Samuel Goldwin, presidente da Metro Goldwin-Mayer. Segundo Wilson, o
próprio Samuel teria sido quem lhe destinou um papel em The
Great History Ever Told (A
História Jamais Contada),
filme em que também trabalharam Sal Mineo, Telly Savallas (que
veio a se consagrar mais tarde no famoso papel do detetive Kojak no
seriado de mesmo nome) e Maximilian Schell.
Com
o estouro da Guerra do Vietnã, Wilson, aconselhado por Anne a
deixar o país a fim de que não acabasse sendo convocado
pelo exército americano, volta para o Brasil, perdendo a
chance de atuar em uma série televisiva que veio a obter muito
sucesso, Combate, já
que a mesma Anne havia garantido para ele uma participação.
O Delegado Vianna
Leonel e Neuza Brizola, visitando a Divisão de Segurança e Prorteção ao Menor. |
Com o retorno, em 1966,
Wilson retoma o curso de Direito na Universidade Gama Filho, trancado
desde 1961, formando-se finalmente em 1970, período em que já
integrava o elenco da TV Rio e já não mais atuava em
cinema. Nessa mesma época, entrou para os quadros da Polícia
Civil, tendo sido lotado no Comissariado de Cantagalo, no Rio.
Em 1983, destacou-se como
Diretor de Ressocialização da Penitenciária
Milton Dias Moreira ao introduzir nessa instituição o
teatro como alternativa ressocializante. O sucesso de seu método
lhe valeu a indicação para assumir a direção
da Divisão de Vigilância, Segurança e Proteção
ao Menor. Nesse cargo, lutou efetivamente para a melhoria das
condições no tratamento aos menores infratores:
buscando apoio de empresários como Arthur Sendas, conseguiu
camas novas; com donos de renomados restaurantes da Zona Sul carioca,
garantiu alimentação de qualidade aos internos; ao
retirar todas as grades, transformou celas em alojamentos.
Wilson Vianna já
era então o Capitão Aza, conhecido nacionalmente e
adorado pelas crianças de todo o país. Por sugestão
de um amigo, candidatou-se a Deputado Estadual, mas perdeu a eleição.
Como se matriculara com seu nome verdadeiro, e não com o do
personagem, os votos em nome deste último não puderam
ser computados.
Nas asas do Aza
Pouca gente sabe, mas o
título de Capitão já lhe havia sido "outorgado"
antes de Wilson se transformar no Capitão Aza. É que,
em 1965, na TV Rio, Wilson havia protagonizado um programa chamado As
Aventuras do Capitão Atlas e Seu Fiel Amigo, o Índio
Chico. O programa teve vida bem
curta, menos de um ano, e em 1966, a convite da TV Tupi, que queria
desbancar a audiência de outro Capitão, o Furacão
(vivido pelo ator Pietro Mario), atração também
infantil, exibida pela Rede Globo, Wilson Vianna vestiu, pela
primeira vez, o traje aeronáutico com o capacete branco alado
e óculos de lentes negras, que somente seriam aposentados em
1979. Para pôr fim à dúvida de alguns parágrafos
acima: o capacete foi branco, enquanto as transmissões foram
em preto e branco, mas, com a chegada da TV em cores, pintaram-no de
cor-de-abóbora, talvez para destacar o apresentador do
restante do cenário.
Capitão Furacão; Pietro Mario e Elizângela. |
Gravado
no Rio inicialmente, a partir de 1974 em São Paulo e novamente
no Rio, nos estúdios da TV Tupi, no antigo Cassino da Urca, o
programa chegou a marcar 22 pontos no Ibope contra 11 do da TV Globo
(Capitão Furacão)
e literalmente tirou do ar o concorrente, alçando Wilson à
condição de ídolo infantil, o primeiro da
história da televisão brasileira.
O
personagem Capitão Aza é uma criação
conjunta entre os dramaturgos Paulo Pontes e Oduvaldo Vianna Filho (o
Vianinha), e o nome Aza grafado com z seria
uma homenagem a um oficial da FAB que lutou na Segunda Guerra
Mundial, o Capitão Adalberto Azambuja.
Segundo
informações do site do Instituto de Artes Darci Campioti, os dois
dramaturgos foram procurar o Ministério da Aeronáutica
a fim de pesquisarem dados para a criação do
personagem. Foram atendidos e instruídos pelo então
Chefe das Relações Públicas da Aeronáutica,
o Coronel Fischer. O militar manifestou desejo de ver um personagem
que representasse a aviação, ideia bastante
interessante, já que, na Globo, o Capitão Furacão
se baseava na figura de um "velho lobo do mar", o que
evidentemente remetia à Marinha. Fischer disponibilizou os
dados sobre os combatentes da FAB, e a história do Capitão
Azambuja logo impressionou a todos: realizando manobras arriscadas a
fim de distrair o inimigo e para evitar que seus companheiros fossem
abatidos, o aviador sacrificou a sua própria vida.
Além de participar
desse momento de criação da personagem, a Aeronáutica
teve papel preponderante na decolagem da audiência do Clube do
Capitão Aza: ela fornecia consultoria técnica,
uniformes, helicópteros e aviões. Tanto que, no auge do
programa, o Capitão Aza, todos os domingos, levava trinta
crianças acometidas por coqueluche para voar num avião
Avro da FAB que decolava do Aeroporto Santos Dumont. Voar era
considerado uma terapia para as crianças com essa doença.
Capitão Aza, no comando de sua "nave". |
Ao
som da bela canção Sideral,
composta por Tibério Gaspar e Durval Ferreira, O
Clube do Capitão Aza, que
inicialmente se chamou As Aventuras do Capitão Aza,
iniciava, com Wilson simulando estar pilotando uma nave espacial.
Tudo muito simples, mas a imaginação das crianças
da época se encarregava do restante. Tanto que a própria
Xuxa, a Rainha dos Baixinhos, sua fã confessa, revelou ao
ator, anos mais tarde, ter se inspirado no programa para criar o seu,
que não por coincidência começava com a
apresentadora saindo de uma nave colorida e terminava com a moça
embarcando novamente nela.
Cantando e aprendendo
Capitão Aza e Martinha. |
Em
1968, o programa promoveu o concurso O cantor mirim da
Guanabara e a escolhida foi
aquela que se transformou na fiel escudeira do Capitão: a
menina Martinha, de apenas sete anos e voz afinada. Os dois dividiam
o espaço do programa ainda com os personagens Robô
(Hilton Aby Rhian) e o boneco Pedroca (dublado por Américo
Bittar), que fazia o quadro Quem pergunta quer saber.
Capítão
Aza e Martinha gravaram vários discos, sempre com canções
de cunho educativo, como ABC,
um hit entre a
criançada da época e que lhe valeu um troféu da
Secretaria de Educação do Estado da Guanabara, Somando
com vocês e Se
você quer ser alguém
(Swinging on a star),
esta última em que transmite lições de boas
maneiras, higiene, educação e dedicação
aos estudos, temas estranhos hoje em dia, não?
Além
de exibir desenhos animados, já citados no início
da postagem, e
realizar promoções em que sorteava brindes, brinquedos
e cadernetas de poupança, o Capitão Aza chegou a
promover um concurso escolar em parceria com a Marinha, cujo prêmio
foi uma viagem de navio a Manaus, e na companhia do ídolo,
responsabilidade que Wilson saberia cumprir com zelo e atenção
rigorosos. Depois de analisarem 14 mil trabalhos, vinte crianças
foram selecionadas (dez
meninos e dez meninas) e
partiram rumo à capital do Amazonas.
Ir aonde o povo está
O carinho com os fãs. |
O grau de respeito e
carinho por seu público foi demonstrado pelo contato estreito
que Wilson efetivamente manteve com os pequenos fãs, em
constantes visitas que o Capitão Aza fazia às escolas
públicas; ao longo dos 13 anos em que esteve no ar, visitou
cem escolas por ano. Nessas ocasiões fazia questão de
levar consigo um policial militar, um marinheiro, um bombeiro e um
ex-oficial da Força Expedicionária Brasileira (FEB),
buscando fortalecer nas crianças a noção de
civismo e se antecipando a possíveis acusações
de ser ele apenas um garoto-propaganda de heróis americanos de
tinta e papel. "Já que eu apresentava em meu programa
heróis fictícios como o Homem Aranha, o Hulk,
Ultra-Man, eu queria também que as crianças conhecessem
os nossos heróis vivos", disse o ator em sua biografia.
O reconhecimento oficial
Wilson, sendo condecorado como Comendador da FAB. |
Nas comemorações
militares, como as do 7 de Setembro, Wilson Vianna participava dos
desfiles com sua imponente Harley Davidson, e esse estreitamento com
as Forças Armadas em um período conturbado de nossa
história talvez tenha lhe valido algumas críticas;
alguns chegaram a levantar suspeitas sem fundamento de que
pertencesse ao Serviço Nacional de Informações,
o temido SNI. Tais suspeitas eram corriqueiras por essa época
e recaíam invariavelmente em pessoas de projeção
na mídia (artistas da televisão e cantores de sucesso),
chegando inclusive a arruinar a carreira de um outro Wilson, o
Simonal. Contudo não produziram qualquer nódoa na
imagem do ídolo infantil. Há que se ter em mente
sobretudo que Wilson Vianna era, antes de mais nada, uma autoridade
policial, de reputação inconteste, de contribuições
relevantes, conforme já vimos, e a serviço da
manutenção da ordem social; isso não se confunde
com a ficção.
Contribuição reconhecida pelo Ministério da Aeronáutica. |
Como, de fato, o Capitão
Aza contribuiu, e não só na aparência, na
divulgação dos ideais pátrios, das Forças
Armadas em geral, da formação do caráter e do
civismo, natural que o reconhecimento viesse pelas instituições
onde eles são, por assim dizer, normas pétreas. Por
isso, Wilson foi agraciado, e com justiça, com a medalha do
Mérito de Santos Dummont, concedida pela Aeronáutica
Brasileira. Essa é a maior prova de sua influência
naquele momento de nosso país, e não se pode duvidar de
que muitos jovens tenham ingressado mesmo na Força Aérea
por causa do fascínio gerado pelo personagem, uma vez que a
própria Aeronáutica reconheceu o fato por meio de
documento.
Além dessa condecoração, recebeu
ainda o diploma de Capitão Benemérito do Estado do Rio
de Janeiro por seus serviços em prol da cidadania, conceito
tão em voga nos dias de hoje, mas,
diga-se, ainda insatisfatoriamente aplicado às ações
cotidianas.
Homengem das Forças Armadas, com o Ministro Nero Moura |
Capitão Aza, personagem de quadrinhos. |
Um outro fator que
demonstra bem o sucesso do personagem é a publicação
de quadrinhos que levavam seu nome e contavam as aventuras do herói,
empreitada assumida pela revista O Cruzeiro Infantil
e cujo roteiro e arte ficaram aos cuidados de Ari Moreira. As
aventuras do Capitão Aza circulou
de 1973 a 1975.
As Aventuras do Capitão Aza, em O Cruzeiro Infantil. |
E
os amantes da chamada nona arte, as histórias em quadrinhos,
ainda têm de pagar um bom tributo ao Clube do Capitão
Aza. Explica-se: devido ao grande sucesso dos desenhos da Marvel que
eram exibidos no programa, a Editora Bloch conseguiu da
Transword
Feature Syndicate a autorização para editar as
histórias da Marvel Comics no Brasil. Como cada personagem
tinha sua própria revista, pela primeira vez, o número
de publicações passou para 15 títulos mensais,
abrindo de vez o acesso dos leitores brasileiros a esse tipo de arte.
Os
títulos eram: O
Incrível Hulk,
Capitão
América,
Príncipe
Namor,
Tocha
Humana,
Homem
Aranha,
Homem
de Ferro,
O
Demolidor,
Os
Vingadores,
Os
Defensores,
Thor,
Ka-Zar,
Mestre
do Kung Fu,
Motoqueiro
Fantasma
e Punho
de Ferro.
Em 1979 a TV Tupi
encerrou suas atividades, vitimada por uma crise financeira que a
impedia de cobrir inclusive os salários de seu cast,
onde figuravam astros como Bibi Ferreira, J. Silvestre e Abelardo
Barbosa, o Chacrinha. Com onze salários vencidos e seis meses
antes da última transmissão da emissora, o Capitão
Aza se despediu definitivamente de seu público. Em sua última
fala, disse que estava partindo em uma missão espacial.
O
personagem Capitão Aza voltaria a ser visto ainda no cinema,
com as participações nos filmes Atrapalhando
a Suate (em 1985, com Dedé
Santana, Mussum e Zacarias) e Os Trapalhões e o
Mágico de Oroz (em 1986),
onde contracenou com Xuxa.
Após
o término do Clube do Capitão Aza, Wilson Vianna
apareceu poucas vezes na televisão. Foram participações
especiais nas novelas da Rede Globo As três Marias
e Cambalacho. Além
desses trabalhos, fez o papel de um capitão (a patente lhe
perseguia mesmo) na minissérie A Marquesa de Santos,
protagonizada por Maitê Proença e transmitida pela
também extinta TV Manchete. Chegou a receber alguns convites
de emissoras para seu retorno. A TVS (hoje SBT) por muito pouco não
realizou o sonho dos fãs em 1985, mas um enfarte, o segundo
que o atingia, encerrou as negociações. Aconselhado por
cardiologistas, Wilson Vianna deixou de vez a vida artística
para se dedicar à sua pousada em Penedo e viajar pelo mundo. E, mais uma vez, não estamos diante de força de expressão; Wilson conheceu toda a América do Sul, a Europa, foi à Ásia, à Oceania, à África, ao Japão, à China, a Bangkoc, Tailândia, Singapura, entre outros.
Wilson no Jô Soares Onze e Meia. |
Em 3 de maio de 2003, aos
75 anos, no Mato Grosso do Sul, vítima de seu terceiro
enfarte, ao lado de sua mulher, filho e nora, Wilson Vianna, o eterno
Capitão Aza, "corpo livre no infinito", deixou para
trás o mundo aflito e a bomba H; alçou seu voo
derradeiro rumo a estrelas e constelações, com destino
a permanecer para sempre no espaço da memória e dos
corações dos que admiraram a força de seu
trabalho e aprenderam com suas orientações e seus
exemplos. Mas os homens (ainda) se destroem nas guerras vãs
e vão no pó dos sonhos, ah!..., em nome do amor.
-
Em 1977, apresentou um programa de rádio na Rádio
Continental, que se chamou Mesa de Celebridades.
Recebeu entre os muitos convidados, o humorista e escritor Jô
Soares, que contou como Wilson foi o responsável pelo início
de sua carreira artística, levando-o ainda jovem para a TV
Tupi.
- Wilson foi casado por
duas vezes. Em 21 de fevereiro de 2007, faleceu o filho de seu
primeiro casamento Eduardo (Dudu) Vianna, em um acidente de moto
ocorrido em 15 de fevereiro do mesmo ano, no túnel Zuzu Angel,
na cidade do Rio de Janeiro.
- O Clube do Capitão
Aza chegou a receber 14 mil cartas por semana. Ao escrever para o
programa, toda criança ganhava uma carteirinha do Clube do
Capitão Aza e com ela o direito a assistir a lançamentos
de filmes nos cinemas da rede Luis Severiano Ribeiro, obter descontos
em livrarias e nas compras de material escolar.
-
A famosa chamada que abria o programa (... Alô, alô,
Sumaré! Alô, alô, Embratel! Alô, alô,
Intelsat 3! Alô, alô, criançada do meu Brasil!
Aqui quem fala é o Capitão Aza, Comandante e chefe das
Forças Armadas infantis deste Brasil!)
foi criada por Alcino Diniz, produtor de cinema e diretor de
televisão. Já o "título" Comandante
e chefe das Forças Amadas infantis foi
dado pelo Presidente Emilio Garrastazu Médici, quando o
Capitão Aza levou a Brasília cinco crianças para
serem condecoradas pelo Presidente, fruto de uma promoção
feita pelo programa, cujo objetivo era apresentar uma dissertação
sobre a vida de Duque de Caxias.
- Wilson Vianna entrou
para a Maçonaria em 1961 e chegou a atingir o grau 33. Nos
Graus Filosóficos do Rito Escocês Antigo e Aceito, o
grau 33 recebe o nome de Soberano Grande Inspetor-Geral; já
nos do Rito Brasileiro, curiosamente, ele é o Servidor da
Ordem da Pátria e da Humanidade.
Informações
adicionais:
Leia também Palavra de fã, na coluna Mandando uma letra.
Veja o Capitão Aza cantando trechos de suas inesquecíveis canções.
Fontes pesquisadas:
Veja o Capitão Aza cantando trechos de suas inesquecíveis canções.
Fontes pesquisadas:
Bibliografia:
MENDONÇA,
Dora. A vida trepidante de Wilson Vianna, o Capitão
Aza.1ª ed. Rio de Janeiro,
Editora Lidator, 1997.
Sites acessados:
http://institutodeartesdarcicampioti.blogspot.com.br/2009/03/vamos-aprender-com-o-capitao-aza-parte.html
http://intervalocultural.blogspot.com.br/2014/04/o-eterno-capitao-aza.html
http://meusbrinquedosantigos.blogspot.com.br/2010/11/clube-do-capitao-aza.html
http://nossatvbrasileira.blogspot.com.br/2011/02/o-capitao-aza-e-assim-mesmo-com-z.html
http://mutantexis.wordpress.com/2011/05/11/nas-asas-do-capitao-aza/
http://www.mundonovelas.com.br/2010/10/mundo-crianca-especial-mundo-novelas_11.html
http://oficinadeartejackcartoon.blogspot.com.br/2011_09_01_archive.html
http://infantv.com.br/capitaoaza.htm
http://www.bcc.org.br/fotos/galeria/025243
http://redetupiyestvsempre.blogspot.com.br/2013/04/capitao-aza.html
https://www.youtube.com/watch?v=VToimGA_gRQ
http://lembradesse.blogspot.com.br/2010/10/capitao-aza.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Capit%C3%A3o_AZA
http://oglobo.globo.com/blogs/nostalgia/posts/2007/08/17/capitao-furacao-vivido-pelo-ator-pietro-mario-70063.asp
https://www.youtube.com/embed/ahy3uRzRG9w?showinfo\x3d0
http://desmanipulador.blogspot.com.br/2012/07/capitao-aza-biografia.html