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fenixidade.blogspot.com Tema: “Para os grandes males, os grandes remédios! Tive que tomar essa decisão tão difícil em minha vida.”
Narre
uma história que aborde essa situação.
Turno Extra
Renan
Augusto Oliveira de Carvalho
Apoiei
meus punhos na pia branca do banheiro. O sangue escorria da borda
formando densas poças no chão. Um rastro quente, que me fez olhar
para trás e, pela porta escancarada, ver seu pé inerte, para fora
da cama, iluminado apenas pela luz neon do motel barato. Nossa
relação... Santo Deus, Clara! O que fizemos?!
Conheci
Clara no trabalho. Reservada, calada e dona de “Um quadril mulato”
e de “Um sorriso faceiro. Oh, Pai!” “Faxineira nova no 202?”
Nada. Nem um olhar. Mas, como todo porteiro que se preze, sabia
investir. Pescar, como dizia meu pai. E quando mordeu a isca... Ah!
Foi desfile de Escola de Samba. Por diversas vezes, tive que inventar
turnos extras. Sabe como é, né? Um pandeiro daquele num
se toca em casa, não.
E
tudo corria bem nesse nosso passatempo “alegorioso”. Por vezes
pensei em largar Cecília. Pedia-me inúmeras vezes. “Mas tem as
criança, Clara!” Ficava calada e enrolando os pelos do meu peito
nos seus dedos. Como fui burro... Como fui deixar acontecer...
Então
ela marcou no mesmo 14. Astolfo sabia. O quarto tinha nosso cheiro.
Outro turno noturno. “Ainda de roupa, minha preta?” Nem arranquei
a camisa e ela me jogou a bomba. “Grávida!? Mas que mer...”
Parei encostado à porta. A cortina oscilou. Ela sentada na cama
olhando para o chão. As mãos entrelaçadas junto ao colo. Eu a
amava. Não amava?
Não
havia outra saída. Depois o Astolfo me ajuda. Ele não deixaria
aquele “sangue tiziu” manchar a reputação do seu amigo aqui. Eu
não podia ter mais problemas com a polícia. Nessa o amor vai ter de
esperar!
Atirei-me
contra ela. Repuxei-a pelo cabelo e me joguei sobre seu corpo, como
outrora, mas agora apoiando o travesseiro manchado sobre seu corpo.
Grávida?! Também, com esse traseiro de parideira! A TV estava alta;
ninguém escutaria se ela se debatesse muito. Senti, então, uma
pontada na barriga. Urrei. A dor me fez perder a força da mão.
Arquei-me sentindo a faca rasgar a lateral do meu corpo. Corri para o
banheiro... Estava feito...
No
chão, com o punho esquerdo ainda apoiado na pia, no olhar vago, eu a
vi aproximar-se da porta... “Por que, Clara?” Ela me fitou séria,
sem remorso aparente:
— Tem
as criança, Laércio!
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