Tema: “Para os grandes males, os grandes remédios! Tive que tomar essa decisão tão difícil em minha vida.”
Narre uma história que aborde essa situação.
Um triste adeus
Mayara Peixoto Batista
Minha família sempre foi muito pobre; já bem nova,
tive que trabalhar para ajudar em casa. Aos dezessete anos, arranjei
um emprego de atendente em uma loja da minha cidade. Nunca me atrasei
nem tampouco faltei; tinha prazer em atender as pessoas.
Porém, nem tudo são flores. Eu saía muito tarde do
trabalho e minha cidade era muito perigosa —
principalmente à noite. Sempre que dava, meu amigo me levava em
casa, mas, naquela terça-feira, ele não pôde. Michael havia pegado
o primeiro horário e saído mais cedo. Por mim estava tudo bem,
afinal eu já tinha voltado sozinha outras vezes.
No entanto, naquela
noite havia algo diferente, até meio sombrio. A rua estava mais
deserta do que de costume e mais escura também. A cada passo que eu
dava, sentia o medo se apossando cada vez mais. Havia algo errado; eu
podia sentir na minha espinha! Meu instinto me dizia para correr,
minha razão pedia para eu me acalmar, mas eu só queria gritar.
Gritar por que se nada havia naquela escuridão? Nada que eu pudesse
ver. Mas o perigo estava lá, feito sombra a me espreitar.
Meus passos ficavam
cada vez mais largos; meu coração, acelerado, e minha respiração,
ofegante. Eu estava em pânico. De repente sinto algo pontudo em
minhas costas e uma mão quente me calando. Lutei enquanto pude, mas
ele era mais forte. O que eu podia fazer além de chorar? Eu já não
era dona de mim, nada mais era meu. Ele me roubou a alegria de viver,
a vida e meu sorriso. A lua se escondeu, as estrelas choraram e a
noite foi marcada pela dor. A minha dor!
Fui tomada pelo
ódio e pela amargura e transferi tudo para a criança que carregava
em meu ventre. Tinha asco daquele bebê e de tudo que ele me fazia
lembrar. Eu não o queria e o desprezava, até o dia em que minha
filha nasceu. Eu me apaixonei, amei aquela criança no momento em que
os meus olhos cruzaram com os dela. Quando a tomei em meus braços,
senti a união de nossos corações. Éramos uma só vida, uma só
alma. Era parte de mim! Apertei-a contra meu peito, relutando em
entregá-la a um mundo desconhecido. Por fim meus braços amoleceram
e, com lágrimas nos olhos, eu disse adeus àquele pequeno e lindo
ser que, em apenas um segundo, fez com que eu o amasse profundamente.
Foi a decisão mais
difícil que tomei em minha vida! Fiquei destruída, sem um pedaço
de mim. Vinte anos depois, não sei onde se encontra e nem como está.
Aquele dia no hospital é a única lembrança que terei da minha
filha.
Para os grandes
males, os grandes remédios, mas será que tomei a decisão certa?
Não, com certeza não!