O dia da caça e do caçador - 28/04/16



Tema

Um inimigo inteligente é melhor que um amigo estúpido.
                                                                                
                                                                      (Provérbio africano)

Cuidando para que a história tenha como personagens uma raposa e dois coelhos selvagens, elabore um texto narrativo de estrutura clássica cujo desfecho seja condizente com o provérbio africano acima.


O dia da caça e do caçador
 Marcelo Ferreira de Menezes

No meio das savanas africanas, dois coelhos eram perseguidos por uma faminta raposa. A perseguição era vertiginosa, e, mesmo tendo quase os capturado por diversas vezes, a caçadora não conseguia abocanhá-los.
Enquanto a caçada se desenrolava, o capim, muito seco, devido ao sol intenso, incendiou-se, dando início a uma gigantesca queimada atrás dos três, para cima dos quais o vento empurrava perigosas labaredas. As chamas avançavam mais rápido do que a predadora e as presas conseguiriam correr. Não demoraria muito para que todos morressem queimados.
A raposa percebeu isso. De nada adiantaria comer os coelhos e morrer logo em seguida. Só morreria de estômago cheio, nada além disso. Valeria mais a pena viver. Então teve uma ideia e propôs uma trégua para se explicar.
Vejam. O fogo logo nos atingirá. Não teremos chance, e todos morreremos. Temos de agir em grupo para nossa salvação. Então, façamos o seguinte: ajudem-me a colocar mais fogo logo ali na frente. Quando as chamas chegarem até nós, já não haverá mais o que ser queimado, e nós sobreviveremos.
Não confie nela! Ela vai nos comer de qualquer maneira! E talvez fritos! — reagiu um dos coelhos.
Perto dos três havia um lago. Então o mesmo coelho que falara completou:
Vamos pular é dentro daquele lago!
Você ficou louco? — interceptou a raposa. — Nenhum de nós sabe nadar. De certo nos afogaremos!
O segundo coelho ficou indeciso entre o conselho da raposa e o de seu amigo. Por fim, decidiu-se por ajudar a raposa. Ambos, segurando gravetos em brasa, puseram fogo no caminho mais adiante, iniciando uma nova queimada, que seguiu em frente empurrada pelo vento. Enquanto isso, o primeiro coelho pulou no lago. Ele até que tentou nadar, mas afundou rapidamente, desaparecendo nas águas.
Assim que a queimada principal alcançou o ponto em que se encontravam os dois sobreviventes, por não haver mais capim, o fogo se extinguiu, tal como previra a raposa.
Ambos trocaram olhares.
E agora? Como ficamos? — quis saber o segundo coelho, quando se viu sozinho com sua predadora.
Ela respondeu:
Bom; sou uma raposa e ainda tenho fome. Todo esse esforço só abriu mais ainda meu apetite. Mas, sem sua ajuda, eu não teria sobrevivido também. Assim, vou dar a você uns cinco minutos de vantagem. Corra!
O coelho viu que não teria outra opção, mas, pelo menos, ainda estava vivo. Mais sorte tivera ele do que o outro, que se afogara. “Nesse caso”, ele pensou, “foi melhor confiar na inteligência de minha inimiga, que no conselho infeliz de meu estúpido amigo!”.