É final de tarde. Não num lugar qualquer, mas neste imenso jardim. E não numa época qualquer, mas no outono.
Descreva esse jardim.
O jardim
Al. Amanda Silva – 1ª Série
Todos na vida devem ter um lugar preferido neste mundo. O meu, com
certeza, é o jardim em frente à minha casa. Ele é simples, mas carrega consigo
toda a minha infância, como se fosse um livro cheio de histórias a contar.
Jardim esse que, como a superfície de um lago imóvel, reflete a minha vida.
É outono. Veem-se de longe as folhas secas das árvores a correr
acompanhando o vento. Crianças correm entre os arbustos como se quisessem
aproveitar os últimos minutos de dia claro para brincar. Os pássaros cantam a
plenos pulmões, fazendo um sinfonia de fundo para os idosos que jogam xadrez
todos os dias no meio do gramado.
Os arbustos enfeitam o imenso jardim com seus formatos diversos
(redondos, quadrados e até mesmo em forma de coração). A bela laranjeira que
perfuma o jardim acompanha as flores secas que imploram por água. Os balanços
velhos do “playground” que compõem este espaço rangem, clamando por manutenção. A
brisa fria e seca que anuncia o triste fim do outono e a chegada do inverno acaricia os rostos de todos ali presentes. Aos poucos o jardim começa a perder
seu brilho; é o sol se pondo, retirando-se, educadamente, para dar vez à lua.
Mesmo observando que, com o passar dos anos, aquele majestoso
jardim havia mudado, ainda era o meu jardim, onde cresci e passei boa parte da
vida. Jardim este que funciona como um álbum de fotos em minha mente. Sua
beleza traz memórias daqueles que nele já estiveram e expectativas de
experiências para aqueles que ainda estão por vir. Extasiada, vendo o jardim
escurecer como se fosse a primeira vez, despeço-me dele tendo a certeza de
vê-lo de novo pela manhã.