É final de tarde. Não num lugar qualquer, mas neste imenso jardim. E não numa época qualquer, mas no outono.
Descreva esse jardim.
O leito onde descansa o amor
Al. Bianca - 1ª Serie
Sob um pé de goiaba, repouso os pensamentos e, com a mão na grama seca de outono, sinto na pele as lembranças ali deixadas. Foi neste imenso jardim, ao pôr do sol, que vi a flor do amor nascer e morrer.
Meus sentimentos acompanham o rosa alaranjado do céu, completamente despido de nuvens. Batimentos cardíacos ecoam como aves que cantam livres na mistura de cores de fim de tarde. Ao longe posso ver as montanhas contrastando com o sol, que se despede. Elas são como ondas negras estáticas. A lua, tímida, vem aparecendo aos poucos para saudar as flores espalhadas pelo jardim.
O cheiro de terra lembra-me o suave aroma do perfume de meu amor, que agora descansa em paz deitado sob o solo, enriquecendo as plantas do jardim. A chuva de folhas secas ressalta a nostalgia de estar ali. Borboletas pairam sobre os girassóis a minha volta e até mesmo suas belas asas possuem os tons pastel que predominam na paisagem. Postados nos galhos da goiabeira, pequeninas casas de joões-de-barro abrigam amantes que, assim como eu, juraram eterno amor ao seu par.
Enquanto minha mente reproduz as imagens da bela natureza que ali existe, meus olhos regam o solo seco com lembranças na forma de lágrimas de saudade. Pois foi no final de uma tarde de outono, neste imenso jardim, que descobri que o meu amor tem tons pastel.